PSD e CDS-PP formaram Governo mais duas vezes em resultado de coligações pós-eleitorais, em 2002 e 2011, e outras duas sem ir a votos: em 2004, num executivo liderado por Santana Lopes depois da saída de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia, tal como já acontecido no final de 1980, quando Francisco Pinto Balsemão assumiu o cargo de primeiro-ministro na sequência da morte de Sá Carneiro.
Nas europeias, os dois partidos foram às urnas coligados em eleições que decorreram quando estavam juntos no Governo: em 2004, com a “Força Portugal”, e, em 2014, na “Aliança Portugal”.
Os dois partidos anunciaram hoje, em comunicado conjunto, que os presidentes do PSD e do CDS-PP, Luís Montenegro e Nuno Melo, vão propor aos órgãos nacionais uma coligação pré-eleitoral, a Aliança Democrática, para as legislativas de 10 de março e as europeias de 09 de junho, que incluirá também “personalidades independentes”.
Depois das eleições de 1976 terem dado a vitória ao PS, que governou sozinho até janeiro de 1978, do segundo ato eleitoral resultou o primeiro Governo de coligação pós-eleitoral, com o socialista Mário Soares a aliar-se ao CDS, seguindo-se três Governos de iniciativa presidencial – até às eleições de dezembro de 1979.
Foi deste sufrágio que resultou o primeiro Governo de coligação pré-eleitoral liderada pelo então presidente do PPD/PSD, Francisco Sá Carneiro, que juntou PSD/CDS/PPM na Aliança Democrática (AD), executivo que se viria a repetir após as eleições de outubro de 1980.
O mandato de Sá Carneiro foi interrompido com a sua morte a 4 de dezembro desse ano. Um mês depois, tomou posse o novo Governo, também de coligação PSD/CDS/PPM, liderado por Francisco Pinto Balsemão, que esteve em funções (sem ir a votos) até abril de 1983.
Das eleições de 25 de abril de 1983 resultou um novo Governo de coligação, mas agora uma coligação pós-eleitoral PS/PSD, o único executivo de ‘Bloco Central’, chefiada pelo socialista Mário Soares.
Seguiram-se mais de 15 anos de executivos de um único partido, primeiro os três Governos do PSD liderados por Cavaco Silva – um minoritário, derrubado ao fim de dois anos com a aprovação de uma moção de censura, e dois seguintes de maioria absoluta – e, depois, dois executivos minoritários socialistas de António Guterres.
No final da década de 90, já depois da saída de Cavaco Silva da liderança do PSD, o então líder social-democrata Marcelo Rebelo de Sousa e o presidente do CDS-PP Paulo Portas chegaram a tentar ‘ensaiar’ uma nova AD, mas a aliança acabaria por ser votada ao fracasso ainda antes da sua concretização, com os dois líderes partidários a entrarem em rutura.
Apenas em 2002 Portugal voltaria a ter um Governo de coligação, uma vez mais concretizado após um acordo pós-eleitoral entre PSD e CDS-PP, liderado por Durão Barroso e com Paulo Portas como presidente dos democratas-cristãos.
Passados dois anos, com a demissão de Durão Barroso da chefia do Governo, tomou posse um novo executivo formado com base na maioria parlamentar PSD/CDS-PP, agora liderado por Pedro Santana Lopes, mas desta vez sem se terem realizado eleições e que durou apenas oito meses.
Seguiram-se dois Governos socialistas – o primeiro maioritário, de 2005 a 2009, e o segundo minoritário, de 2009 a 2011 – com José Sócrates a ocupar o cargo de primeiro-ministro.
Com a demissão de Sócrates em 2011, sucedeu-lhe outro Governo de coligação pós-eleitoral, novamente com o PSD de Pedro Passos Coelho e o CDS-PP de Paulo Portas a chegarem a acordo após irem às urnas com listas separadas.
A 25 de Abril de 2015, Passos Coelho e Paulo Portas anunciaram que concorreriam coligados nas legislativas de outubro e a coligação Portugal à Frente venceu as eleições desse anos, mas sem maioria absoluta.
O XX Governo constitucional ainda tomou posse, mas o seu programa acabaria chumbado no parlamento por toda a esquerda e o PAN, o que implicou a demissão do executivo sem entrar em funções plenas.
O líder do PS, António Costa, formou então um executivo minoritário com suporte parlamentar assente em acordos separados com PCP, BE e Verdes (que ficou conhecido como “a geringonça”), que cumpriu os quatro anos da legislatura, seguindo-se novo Governo minoritário do PS, que durou pouco mais de dois anos na sequência do chumbo do Orçamento do Estado para 2022.
Nessa altura, a hipótese de uma coligação pré-eleitoral entre PSD e CDS-PP ainda foi ponderada, mas a Comissão Política Nacional dos sociais-democratas (liderada por Rui Rio) acabou por rejeitar a ideia e os dois partidos foram a votos separados.
Em janeiro de 2022, o CDS-PP perdeu, pela primeira vez, a representação parlamentar e o PS conseguiu maioria absoluta, mas o terceiro Governo de António Costa caiu inesperadamente em novembro deste ano após uma investigação judicial em que o próprio primeiro-ministro é visado, com os portugueses novamente chamados a votar em legislativas antecipadas em 10 de março.
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