Em declarações aos jornalistas, a líder do PAN, Inês Sousa Real, sublinhou nas palavras do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a preocupação com a pobreza e com os mais jovens, assim como a necessidade de um desenvolvimento económico que permita dar resposta aos problemas do país, mas destacou as “muitas questões que continuam a ficar de fora”.
“Para o PAN é preciso que no próximo dia 10 de março se garanta não só a força, no caso um grupo parlamentar, para podermos retomar as causas e colocar as causas no centro político da nossa atividade, para que Portugal possa ter um maior combate à violência doméstica, que não desapareceu como pano de fundo e não esteve presente nas palavras de Marcelo Rebelo de Sousa”, criticou a deputada única do Pessoas-Animais-Natureza (PAN).
A habitação e a “crise habitacional”, com mais de 10 mil pessoas em situação de sem-abrigo, é outras das omissões na mensagem do chefe de Estado apontada por Sousa Real que defendeu que a erradicação da pobreza tem de ser “um desiderato” do país, assim como o acesso à habitação.
“Numa altura em que estamos tão perto dos 50 anos do 25 de Abril, o chamado 1.º direito não pode ser um direito que fica reiteradamente para trás”, criticou a deputada.
Inês Sousa Real lamentou ainda que o combate às alterações climáticas tenha ficado fora “da retórica” do Presidente da República.
“É de facto lamentável que não haja aqui um maior compromisso político e também um maior desafio por parte da Presidência de que as políticas públicas venham a ser promovidas e de que qualquer solução governativa que venha a sair do dia 10 de março não pugne também por garantir o combate às alterações climáticas pelas presentes e pelas futuras gerações”, disse.
O Presidente da República considera que 2024 será um ano ainda mais decisivo do que 2023 e apelou à participação dos portugueses nos atos eleitorais, salientando que o país será aquilo que os votantes quiserem.
Estas posições foram transmitidas por Marcelo Rebelo de Sousa na sua tradicional mensagem de Ano Novo, numa conjuntura de crise política, com o Governo em gestão e eleições legislativas antecipadas marcadas para 10 de março.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, “2023 acabou com mais desafios e mais difíceis do que aqueles com que havia começado”.
“Mas a democracia nunca tem medo de dar a palavra ao povo e nisso se distingue da ditadura. Portugueses, 2024 irá ser largamente aquilo que os votantes, em democracia, o quiserem. Em Portugal, em março; na Europa, em junho; na maior potência do mundo, em novembro; e antes disso, em fevereiro, nos Açores. Um ano, afinal, ainda mais decisivo do que o ano de 2023”, advertiu o chefe de Estado.
Antes, apontou que em Portugal, no último ano, “ficou claro que contas certas, maior crescimento e emprego, qualificação das pessoas e investimento e exportações são essenciais”.
“Mas ficou também claro que crescimento sem justiça social, isto é, sem redução da pobreza e das desigualdades entre pessoas e territórios, não é sustentável. Ficou claro que efetivo acesso à saúde, à educação, à habitação, à solidariedade social é uma peça chave para que haja justiça social e crescimento. Ficou claro que a Administração Pública e a justiça podem fazer a diferença nestes anos em que dispomos de fundos europeus irrepetíveis e de uso urgente”, acrescentou.
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