A deputada do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) na Madeira, Mónica Freitas, considerou, esta sexta-feira, que “é extremamente perigoso irmos a eleições antecipadas”, até porque “há um crescimento brutal da extrema-direita, ninguém pode ficar indiferente e temos todos de ser responsáveis”.
“Não é momento para populismos, não é momento para oportunismo político, e o PAN continua a ter a sua atitude responsável perante os factos atuais”, disse aos jornalistas, reagindo ao anúncio da renúncia de Miguel Albuquerque (PSD), presidente do Governo Regional da Madeira.
O PAN, recorde-se, assinou um acordo de incidência parlamentar com o PSD em setembro.
“Face aos acontecimentos, fomos acompanhando os desenvolvimentos e fomos articulando para tomar a melhor decisão. Nada mudou, temos é uma situação que não podemos deixar passar. É importante ter uma atitude responsável e garantir estabilidade governativa. O compromisso do PAN sempre foi com as pessoas e com as causas”, defendeu Mónica Freitas, argumentando que “a decisão de quem será o novo líder do PSD cabe ao partido”.
“O PAN não fará qualquer interferência”, disse, após Albuquerque ter anunciado que o partido decidirá, na segunda-feira, o nome do seu sucessor.
A deputada madeirense do PAN garantiu que “o acordo [com o PSD] até agora tem corrido dentro dos trâmites em que é suposto” e “tem sido sempre um processo de conversação e negociação, sempre uma relação de boa fé”.
“Neste momento, atendendo à instabilidade política que se vive no país, é fundamental garantir a estabilidade”, assegurou, defendendo que a posição do partido era que “desde que fosse alterado o líder executivo [do PSD]”, continuaria “a dar estabilidade governativa à região”.
“Face à decisão tomada pelo PSD, e se se verificar de facto o afastamento de Miguel Albuquerque, o PAN manterá a estabilidade em prol dos madeirenses”, prometeu.
Questionada sobre aquilo que pesou na decisão do PAN de pedir a demissão do líder do Governo Regional, Mónica Freitas afirmou que foi “a questão ética e política”. Respeitando “a presunção da inocência”, eticamente o partido não considerou “que seja correto” que Albuquerque continuasse “a assumir este papel quando está um processo de investigação aberto que indica o nome desta pessoa”.
“Da mesma forma, no caso de António Costa, o PAN teve esta ponderação séria e responsável em dizer que tinha sido uma boa atitude do primeiro-ministro [demitir-se, no âmbito da Operação Influencer], também aqui faria todo o sentido que assim o fosse”, reiterou.
Miguel Albuquerque (PSD) foi constituído arguido na quarta-feira, após a Polícia Judiciária ter realizado cerca de 130 buscas domiciliárias e não domiciliárias na Madeira (Funchal, Câmara de Lobos, Machico e Ribeira Brava), na Grande Lisboa (Oeiras, Linda-a-Velha, Porto Salvo, Bucelas e Lisboa), em Braga, Porto, Paredes, Aguiar da Beira e Ponta Delgada (Açores), no âmbito de três inquéritos dirigidos pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
A residência de Miguel Albuquerque e a Quinta Vigia, sede da presidência do Governo Regional (PSD/CDS-PP), também foram alvo de buscas, no decurso de um processo em que o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado (PSD), e dois gestores ligados ao grupo de construção AFA foram detidos.
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