“Creio que o senhor Presidente da República terá dito algumas dezenas de vezes ‘ficou claro’. Quando um político sente muita necessidade de dizer ‘ficou claro’ é porque estamos a atravessar um dos momentos de maior incerteza em que nada ao contrário do que foi dito ficou claro. O ano de 2023 deixa-nos perante uma situação de uma grande indecisão”, disse Rui Tavares.
Na reação ao discurso de Marcelo Rebelo de Sousa, o líder do Livre afirmou que é preciso que as forças partidárias tenham uma palavra, aludindo às eleições legislativas de 10 de março.
“É preciso que os partidos tenham uma palavra, uma escolha para que os cidadãos escolham. É preciso que os cidadãos saibam o que está no cardápio destas eleições, que cada partido ofereça a sua visão de futuro — isso não tem sido oferecido”, salientou.
Para Rui Tavares, o discurso do chefe de Estado “foi muito igual ao discurso dos outros líderes políticos que falaram durante esta quadra natalícia e das festas”.
“É sempre um bocadinho muito igual. Um discurso feito de esperança e de uma expectativa em que se retira a capacidade de ação às pessoas. Nós não estamos aqui só para esperar, nós estamos aqui para fazer. E neste ano as pessoas têm oportunidade de dar resposta. Eu estou cansado de ver as pessoas de braços caídos como se, com eleições à frente, não tivessem capacidade de dar uma orientação ao que o país deve ser no futuro”, acrescentou.
O Presidente da República considerou hoje que 2024 será um ano ainda mais decisivo do que 2023 e apelou à participação dos portugueses nos atos eleitorais, salientando que o país será aquilo que os votantes quiserem.
Estas posições foram transmitidas por Marcelo Rebelo de Sousa na sua tradicional mensagem de Ano Novo, numa conjuntura de crise política, com o Governo em gestão e eleições legislativas antecipadas marcadas para 10 de março.
Na sua sétima mensagem de Ano Novo — em 2021 não fez porque era recandidato nas eleições presidenciais desse ano -, transmitida em direto a partir da Sala das Bicas do Palácio de Belém, em Lisboa, o chefe de Estado fez uma alusão à demissão de António Costa das funções de primeiro-ministro no passado dia 07 de novembro.
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