Na altura em que o ex-secretário de Estado das Infraestruturas fazia a intervenção, esta quarta-feira, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à TAP, foi interpelado pelo presidente António Lacerda Sales que lhe pediu que “não ultrapassasse uma linha”, quando Hugo Mendes fazia juízos de valor sobre a CPI.
Numa altura em que o ex-governante dizia que “se esta CPI tem servido para alguma é para que é possível produzir teorias fantasiosas e julgamentos sumários de caráter e de competência a partir de leitura fragmentada de mensagens avulsas de telefone, de e-mails e de outros documentos, mas para perceber o texto é necessário perceber o contexto e eu vou explicar o contexto em duas partes”, Hugo Mendes foi de imediato interrompido por António Lacerda Sales, que lhe pediu para não “fazer juízos sobre esta CPI” e que “não qualificasse a CPI”.
“Que qualificasse a CPI, isso eu pedia-lhe que não fizesse e que não ultrapassasse essa linha, por favor“, pediu o presidente.
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De recordar que o ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, está hoje a ser ouvido na comissão de inquérito à TAP, para dar esclarecimentos sobre a indemnização de meio milhão de euros paga à ex-administradora da companhia, Alexandra Reis.
Hugo Mendes demitiu-se em 4 de janeiro, juntamente com o então ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, na sequência da polémica saída de Alexandra Reis da TAP, em fevereiro de 2022.
Na altura da saída do Governo, ministro e secretário de Estado disseram não ter memória da polémica indemnização, porém, em 20 de janeiro, informaram, em comunicado, ter encontrado uma mensagem da qual não se recordavam em que era dada anuência política àquele valor.
Ao longo das audições na comissão parlamentar de inquérito, que arrancaram em 29 de março, tem sido abordada a intervenção do ex-secretário de Estado noutras questões polémicas, como no caso da alteração de um voo do Presidente da República, por conveniência política.
Ourmières-Widener enviou um email a Hugo Mendes a pedir a sua opinião sobre o pedido que recebeu da agência de viagens, tendo o então governante respondido que era importante manter o apoio político de Marcelo Rebelo de Sousa, considerando que era o “principal aliado” do Governo mas que poderia tornar-se o “pior pesadelo”.
Na audição da ex-presidente executiva na comissão de inquérito, em 04 de abril, ficou ainda a saber-se que Hugo Mendes teria dado ordens à gestora para não falar com nenhum outro ministério a não ser o das Infraestruturas.
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