Confira dicas de como escolher um apartamento com base no decorado

Confira dicas de como escolher um apartamento com base no decorado


Atenção aos detalhes antes de fechar o negócio pode fazer a diferença.
Arquiteto de Goiás lista pontos que devem ser analisados com atenção.
Apartamentos decorados servem de base para que comprador escolha imóvel (Foto: Danielle Oliveira/G1)

Para evitar frustrações na hora de adquirir a casa própria é importante pesquisar e analisar o imóvel antes de fechar o contrato. Conforme o arquiteto Paulo Renato Alves, para apartamentos, uma dica é visitar o decorado e se imaginar vivendo lá dentro. Ele afirma que conferir as dimensões do imóvel e comparar com as dos móveis é uma alternativa para fugir de armadilhas.
Além disso, entre os itens a serem avaliados na hora da compra estão o layout das janelas, a cozinha, a varanda, os armários, as portas e até mesmo a fachada do empreendimento (confira lista com dicas abaixo). Alves afirma que uma opção é levar alguém que tenha conhecimento em arquitetura para avaliar o imóvel na hora da visita.

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Há 20 anos no mercado imobiliário, o arquiteto avalia que é importante analisar cada critério detalhadamente na hora de escolher a nova moradia, porque, durante a visita a um imóvel, o comprador fica um período muito curto. “Tem que se imaginar vivendo ali, usando tudo, cada cômodo”, conta.
Essa análise prévia de todos os pontos da moradia é importante para evitar problemas como o enfrentado pela doméstica Lenice da Silva, que vive em um condomínio de prédios há três anos, em Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital. Segundo ela, desde que o empreendimento foi entregue, em 2014, o condomínio apresentou várias irregularidades, como infiltrações e fissuras nas paredes e, até mesmo, esgoto saindo pelas pias. Até hoje, de acordo com a moradora, parte dos problemas não foi totalmente resolvido.

“Ainda existem problemas, principalmente quando chove. Eu vejo muitos moradores falando das falhas, principalmente no quarto andar. Quando entregaram o condomínio, era normal ter esgoto saindo pela pia. Até hoje, quando chove, molha e as paredes ficam úmidas. Alagava tudo, principalmente o térreo, não tinha para onde a agua sair, mas isso já consertaram”, explica.
Lenice afirma que, apesar dos problemas, a construtora se dispôs a fazer os reparos. No entanto, tem que agendar horário e esperar, porque o conserto não é instantâneo. “Eu acredito que isso tudo aconteceu por causa de serviço mal feito, porque se fosse bom a construtora não estaria aqui no condomínio poder dar manutenção e, mesmo assim, não é eficiente, porque a gente tem que ligar e agendar horário para eles virem fazer o reparo e isso, para conseguir é difícil”, conta.
No apartamento da doméstica, desde a entrega do edifício, ela conta que uma fissura externa deixava úmida a parede interna do quarto. “Quando chovia, molhava dentro do meu quarto, e isso foi assim desde que entregaram. Há uns cinco meses que eles arrumaram, mas molhava a parede toda”, disse.

Arquiteto Paulo Renato Alves dá dicas de como escolher um imóvel (Foto: Danielle Oliveira/G1)

Responsabilidades
Advogado imobiliário e da construção civil, Arthur Rios explica que, em casos de problemas com a estrutura do imóvel, o proprietário tem até 90 dias para reclamar para a empresa responsável. “Em um apto recém-entregue, quando aparece um defeito que não foi possível de verificar na vistoria inicial, existe a responsabilidade da construtora de arrumar e o comprador tem 90 dias para reclamar, desde o aparecimento do defeito. Se a construtora se negar a consertar, o cliente tem que procurar pela via judicial”, conta.

No entanto, segundo Rios, existe uma série de problemas que são causados durante o uso do imóvel e, nesses casos, o vendedor não concorda de arrumá-los, ficando de responsabilidade do comprador.

“Os defeitos do apartamento quem tem que arrumar é o comprador, já da área comum é o condomínio. Existem coisas que não são defeitos, como a pintura, que tem que ser renovada de tempos em tempos, agora, se o condômino não fez a manutenção e isso causou uma fissura na parede, ele tem a responsabilidade de arrumar”, conta.

Já no caso de um problema decorrente da época da construção, que tenha sido gerado por ela, e que se manifeste no futuro, é responsabilidade da construtora, desde que fique provado que é um problema da construção e que não ultrapasse cinco anos desde a entrega do imóvel. “Para que o comprador se assegure, é importante que ele tenha cumprido as obrigações do manual do proprietário, as revisões e manutenções”, disse.
Para evitar esses problemas futuros, o arquiteto Paulo Renato Alves dá algumas dicas sobre o que analisar detalhadamente um imóvel antes da compra. Confira:

Layout do imóvel e a disposição dos móveis:
Segundo Alves, em stands decorados, algumas empresas costumam desenvolver camas e armários com medidas menores, para que, dentro do imóvel, o espaço dê a impressão de ser maior. Por isso, o arquiteto indica que uma alternativa é medir os móveis com uma trena e imaginá-los dentro do local.

“A gente vê muita armadilhas nesses apartamentos decorados e em folders de empreendimentos. Às vezes colocam uma cama menor, justamente para você achar que sua cama vai caber e, quando você vai se mudar, você não consegue mobiliar seu apartamento. Muitas das vezes as pessoas falam que vão comprar tudo novo, mas a realidade não é essa. O dinheiro vai terminando e você vai ter que levar muita coisa sua”, explica.

Outra opção, conforme o arquiteto, é visitar o decorado junto a alguém que entenda de imóveis. “Se for possível, convide um amigo, um vizinho, ou alguém que faça o curso, e que tenha essa noção de escala, para acompanhar junto. Às vezes, um leigo não percebe, mas alguém que conhece pode perceber um desnível no escoamento da água no chuveiro, por exemplo. É importantíssimo, porque, depois que você assinar o contrato, fica mais difícil”, explica.

Medir o espaço e o tamanho dos móveis é fundamental, diz arquiteto (Foto: Danielle Oliveira/G1)

Janelas:
Em relação às janelas deve ser observado o posicionamento e a função da mesma. Nos banheiros, por exemplo, a ventilação deve ser próxima ao box, que é de onde vem a umidade do banheiro, conforme Alves.

“A gente vê banheiros mofados e isso é muito comum, em muitos imóveis, principalmente nos mais antigos. Em geral, por isso, porque a janela do banheiro fica longe do chuveiro, a pessoa toma um banho quente, e aquilo ali pulveriza o banheiro de umidade e não tem saída de água”, conta.

Além disso, o arquiteto observa que a disposição das janelas e o acesso a elas também devem ser critérios analisados. “Tem alguns projetos que a posição do quarto obriga a pessoa a colocar a cama na frente da janela e para você abrir você tem que subir na cama. São detalhes que, às vezes, no decorado, o cara põe uma cortina e você nem vê onde está a janela e sai dali maravilhado. Imagine-se no dia a dia naquele quarto, ao invés de só achar bonito”, afirma.

Cozinha:
Uma estratégia utilizada para dar a sensação de amplitude aos pequenos imóveis é a cozinha americana. No entanto, Alves explica que, para evitar transtornos, deve-se observar a posição do fogão.

“É importante que o fogão fique em um local dentro da cozinha, em um local estratégico, onde fique escondido, porque a cozinha americana é muito linda, mas a primeira vez que você for fazer um bife, aquela fumaça vai invadir sua casa e pode pingar gordura no seu tapete, por exemplo. Então, é importante observar. Às vezes chega uma visita, e você está com uma bagunça no fogão, então, é importante”, conta.

Além disso, o arquiteto fala da importância de verificar se a cozinha tem uma a saída de ar permanente. “A cozinha tem que ter uma ventilação externa permanente. A abertura direto para a área externa é muito importante, devido ao risco de vazamento de gás. Com essa ventilação permanente, no acaso der um vazamento de gás, não corre o risco de explosão, porque o gás vai sair”, explica.

Armário:
Durante a visita ao decorado, o arquiteto ressaltya que é importante que o comprador observe as medidas dos armários expostos no local. Segundo ele, algumas empresas costumam diminuir o tamanho padrão do armário para que o imóvel pareça ser mais cômodo.

“Tem que chegar, observar e medir o armário. Abrir, vê se é isso que você está esperando mesmo, porque muitos decorados você vê o armário e pensa que está certo, mas você vai medir e ele tem 55cm, enquanto que o certo é 65 cm. Só que 55 cm, quando você fechar a porta, vai dobrar a sua roupa. Então tem que sair conferindo essas medidas”, analisa.

Arquiteto dá dicas de como escolher um apartamento com base no decorado (Foto: Danielle Oliveira/G1)

Espelho:
Outro critério a ser analisado é a disposição de espelhos no stand decorado. Segundo Alves, os itens são ideais para causar a sensação de amplitude no espaço, no entanto, isso pode enganar o comprador com relação ao tamanho do imóvel.

“Ele pode ser usado para enganar também, para parecer que o espaço é maior, só que esse enganar não é no sentido pejorativo não, é enganar a sua mente mesmo, para você ter uma sensação melhor. Enganar, para mim, é fazer uma cama menor ou um armário mais estreito. O espelho é um artifício muito interessante para você enganar sua mente, de que você não está em um espaço pequeno”, completa.

Portas:
Outro ponto a ser analisado é a posição. Conforme o arquiteto, alguns projetos têm a porta do banheiro longe da porta da entrada do ambiente e, com isso, não é possível colocar móveis no caminho. Por isso, segundo ele, é importante se imaginar morando no local.

“Às vezes, o imóvel fica na região que você quer, com o preço que você quer, mas a pessoa se esquece que o dia a dia é o que vai fazer diferença. Você vai morar lá todos os dias, então, deve-se imaginar como um morador, e não como um visitante”, lembra.

Fachada:
Outro critério analisado é a fachada, que, de acordo com o arquiteto, deve ter um estilo atemporal e possuir cores neutras e sóbrias. Além disso, deve-se observar como é a decoração, para imaginar como será a manutenção. Conforme Alves, muitas empresas colocam artifícios para deixar o prédio mais bonito, mas isso pode trazer uma manutenção cara para o condomínio.

“A fachada a gente tem que avaliar a manutenção da fachada. A gente vê algumas com muita pele de vidro, que é um artifício para prédios ficarem mais bonitos, só que exigem uma manutenção muito grande. Então, a pintura é uma coisa mais barata, mas se o cara quer pagar para morar em um prédio com pele de vidro, não tem problema nenhum, então é difícil falar que é errado, mas o ideal é que seja uma fachada atemporal, que não seja cheia de modismos, porque, daqui a pouco, pode ficar enjoativo”, conta.

* Danielle Oliveira é integrante do programa de estágio entre a TV Anhanguera e Faculdades Alfa, sob orientação de Elisângela Nascimento.

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