O ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, voltou, esta sexta-feira, a defender a necessidade da realização de debates internos entre os candidatos à liderança do Partido Socialista (PS), ao mesmo tempo que alertou para os “extremismos” que procuram “minar a confiança das democracias”, a propósito da vinda a Portugal da líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen.
“Lembro que temos hoje, em Portugal, a líder da extrema-direita de França a reunir com a extrema-direita portuguesa, e é muito importante termos capacidade para garantir aos portugueses, – e é isso que garante a minha candidatura -, confiança, segurança e estabilidade nos compromissos que Portugal sempre teve com os seus parceiros, quer com os parceiros europeus, quer com os parceiros atlânticos”, disse o candidato à liderança do Partido Socialista (PS), em declarações aos jornalistas.
O responsável, que voltou a defender a necessidade de debates internos entre os candidatos a secretário-geral daquele partido, deu ainda conta da “instabilidade que se sente do ponto de vista social, económico e institucional, com a pluralização e os extremismos a procurarem minar a confiança das democracias”, intensificada pelos conflitos tanto na Europa, como no Médio Oriente.
Estas declarações surgiram depois de, na quinta-feira, José Luís Carneiro ter reforçado que “os monólogos não são próprios das democracias“, numa reação à recusa do antigo ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, à realização de debates com os restantes candidatos, entre eles também Daniel Adrião.
Na ótica de Pedro Nuno Santos, o modelo proposto apenas daria “argumentos à Direita”, justificando ainda que os encontros e entrevistas são “mais do que suficientes“.
Sublinhe-se que as eleições diretas para a sucessão de António Costa no PS estão marcadas para 15 e 16 de dezembro, em simultâneo com a eleição de delegados, ao passo que o congresso deverá acontecer nos dias 6 e 7 de janeiro.
Face aos acontecimentos do dia 7 de outubro, no qual o primeiro-ministro apresentou a sua demissão, que foi aceite, depois de o Ministério Público ter revelado que é alvo de uma investigação autónoma do Supremo Tribunal de Justiça sobre projetos de lítio e hidrogénio, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, optou por dissolver a Assembleia da República e convocar novas eleições, que acontecerão a 10 de março de 2024.
Naquela manhã, as buscas da Polícia de Segurança Pública (PSP) e do Ministério Público culminaram com a detenção de cinco pessoas – entretanto libertadas -, incluindo o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária. Já o ministro das Infraestruturas, João Galamba, foi constituído arguido.
Por seu turno, António Costa recusou a prática “de qualquer ato ilícito ou censurável” e manifestou total disponibilidade para colaborar com a justiça “em tudo o que entenda necessário”, numa declaração a partir do Palácio de São Bento.
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