"Roubar votos entre partidos à esquerda não faz a esquerda crescer"

"Roubar votos entre partidos à esquerda não faz a esquerda crescer"

“Roubar votos entre partidos à esquerda não faz a esquerda crescer. Pode alimentar muito, ainda por cima, sectarismos internos que são sempre indesejáveis, mas além disso não nos aproxima sequer um centímetro da vitória que a esquerda precisa de ter nestas eleições”, defendeu Rui Tavares, à margem de uma visita a uma creche em Lisboa, no âmbito da campanha para as legislativas de dia 10.

Esta posição do dirigente do Livre surge depois de na quinta-feira, Tavares ter admitido dialogar com a direita, mas apenas sobre “a ‘saúde’ da democracia”, nomeadamente sobre a instituição de um círculo de compensação nacional nas eleições legislativas, o combate à corrupção ou uma reforma da justiça.

Após estas declarações do dirigente do Livre, a coordenadora do BE, Mariana Mortágua, num comício em Leiria, defendeu que uma “esquerda forte” deve estar totalmente concentrada em derrotar a “aliança PSD/IL” e não em projetos de diálogo com estas forças políticas.

Interrogado sobre se esta polémica pode ter afastado o Livre de parceiros como o BE, Rui Tavares negou, salientando que “o Livre está no mesmo lugar onde sempre esteve” e apontou que “se calhar a diferença é só o contexto político, o contexto de campanha, o contexto das sondagens, o contexto do que quer que seja que leva outros a embarcarem em interpretações que não são as corretas”.

“Nós não nos enganamos nem de aliados nem de adversários. Nós estamos no campo da esquerda e, do lado do Livre, não há nenhum início de nenhuma espécie de falsa questão que nos possa fazer criar à esquerda mal entendidos e também nunca cavalgámos descontextualizações que tivessem feito para atacar outros partidos de esquerda. E houve várias, e o Livre nunca entra em cavalgar descontextualizações”, assegurou.

O historiador repetiu o ‘mote’ no qual tem insistido durante a campanha: “O Livre é parte da solução numa maioria à esquerda, se houver uma maioria à direita ou um Governo de direita o Livre é parte da oposição”.

Questionado sobre se pondera apresentar ou aprovar uma moção de rejeição a um governo minoritário da Aliança Democrática (coligação PSD, CDS-PP e PPM), Tavares não excluiu essa hipótese, “se considerar necessário”, mas criticou o facto de o Chega já ter anunciado a apresentação de uma moção antes de conhecer o programa de Governo ou o elenco do próximo executivo.

O dirigente repetiu que o Livre nunca aprovará uma moção de rejeição apresentada pelo Chega e fez questão de dizer que, à exceção de votos de pesar, dos partidos à esquerda, PS, Livre e PCP “nunca votaram a favor de nenhuma proposta” do partido de André Ventura.

Rui Tavares foi ainda desafiado a comentar as declarações do cabeça de lista da AD por Santarém, que na quinta-feira afirmou que Portugal tem perdido investimento por “falsas razões climáticas”, defendendo que “sempre existiram fenómenos extremos”, e avisou que agricultores já falam em organizar milícias armadas perante “os roubos nos campos”.

O dirigente confessou que não as ouviu, mas sobre as “falsas razões climáticas”, alertou que o país precisa de “políticos que não neguem a realidade”.

“Há uma esquerda ambientalista, que é a que o Livre representa, e há uma direita que pelos vistos tem elementos negacionistas muito fortes, não negando que já houve à direita quem tivesse mais preocupações ambientais, mas pelos vistos não é essa a direita que temos hoje”, atirou.

[Notícia atualizada às 13h55]

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