“Este é um primeiro passo. Nós estamos, neste momento, a desenvolver uma estratégia para todas as ETAR para melhorar ainda bastante a eficiência energética, tendente àquilo que são também os objetivos da cidade, que, como se sabe, são ambiciosos para 2030”, disse à Lusa Filipe Araújo, presidente da Águas e Energia do Porto e também vice-presidente da Câmara Municipal, referindo-se ao Pacto do Porto para o Clima, que aponta para a neutralidade carbónica na cidade em 2030.
Em causa está o projeto Aqualitrans II, uma iniciativa de cooperação transfronteiriça entre Portugal e Espanha, liderada pelo Instituto Tecnológico da Galiza (ITG), em que também participam a Augas de Galicia, o Instituto Galego de Energia (INEGA), o Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI) e a Águas e Energia do Porto.
No caso da ETAR do Freixo, onde decorreu a apresentação do projeto, a instalação dos painéis com uma potência instalada de 133 kWp (quilowatt-pico) e uma produção anual de 178 MWh (megawatt-hora) “reduziu o seu consumo energético em aproximadamente 4%”.
Filipe Araújo assinalou que o projeto “também desenvolveu plataformas tecnológicas que fazem uma análise da eficiência energética das próprias ETAR”, havendo “vários componentes, nomeadamente mecânicos, que podem ser sujeitos a melhorias”.
Na Galiza, o projeto envolveu seis ETAR (Gondomar, Tomiño, Vilaboa, Nigrán, Ortigueira e Alfoz), com a instalação de mais de 300 painéis fotovoltaicos distribuídos pelas diferentes infraestruturas, com uma potência total de cerca de 160 kWp (quilowatt-pico).
O diretor da Divisão de Energia do ITG, Santiago Rodríguez, disse à Lusa que foi observado, nos estudos feitos, “um potencial de poupança elevado” de energia, já que os consumos são muito elevados, apesar do valor da poupança final ficar perto dos 5%.
“Podemos chegar a um potencial de poupança próximo aos 20%, supondo que poderíamos implementar todas as medidas”, como por exemplo mudar motores das ETAR, acrescentou, salientando que é um “potencial teórico”.
A iniciativa foi financiada pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), no âmbito do programa INTERREG V-A Espanha-Portugal 2014-2020 (POCTEP), e representa a continuação do projeto AQUALITRANS, iniciado em 2017.
Sobre a continuação do projeto, Filipe Araújo disse ser necessário “aguardar pelo próximo quadro comunitário para saber” se acontecerá, mas destacou as “muito boas relações com os parceiros envolvidos neste projeto e com outros parceiros europeus”.
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