The 1975 cancelam concertos no sudeste asiático após polémica na Malásia

A banda The 1975, que protagonizaram um incidente controverso em prol da defesa dos direitos LGBTI+ na Malásia, cancelaram no domingo espetáculos na Indonésia e em Taiwan, depois do vocalista ter demonstrado intenções em desmarcar a presença em países onde a homossexualidade seja criminalizada.

O cancelamento dos concertos surge depois de o governo malaio ter banido a banda de voltar a pisar o seu território, devido a um beijo entre dois membros da banda num festival em Kuala Lumpur, na sexta-feira.

Segundo a BBC, a banda cancelou os concertos na Indonésia e Taiwan “devido às circunstâncias atuais”, mas não elaborou sobre essas circunstâncias em específico. A decisão foi comunicada através das redes sociais do festival em Jacarta que ia acolher os The 1975.

No evento na Malásia, Matt Healy, o vocalista da popular banda de pop rock (que esteve recentemente no Super Bock Super Rock, no Meco), beijou prolongadamente Ross MacDonald, o baixista da banda, depois de um longo e explícito discurso contra as leis anti-LGBTI+ aplicadas no país.

“Cometi um erro. Quando estávamos a marcar concertos, não aprofundei sobre o assunto. Não percebo o ponto de convidar os The 1975 para um país e dizer-nos com quem é que podemos ter sexo”, disse o britânico, numa opinião que acabou por se revelar preponderante para a decisão que afetou os próximos concertos.

Pouco tempo depois, o comité governamental que supervisiona a reprodução e produção artística por estrangeiros no país anunciou a decisão de cancelar o resto de todo o festival, e os músicos ficaram impedidos de voltar à Malásia. Através do Twitter, o ministro das Comunicações, Fahmi Fadzil garantiu que “não haverá compromissos contra quaisquer partes que desafiarem, criticarem ou violarem as leis malaias”.

Desconhecem-se os motivos oficiais que levaram ao cancelamento dos espetáculos. Na Indonésia, um país com a maior população muçulmana no mundo e predominantemente conservador, a homossexualidade não é ilegal, mas a aceitação da comunidade queer ainda é muito ténue (e, aliás, o governo cancelou recentemente um evento LGBTI+ em Jacarta).

Taiwan já está uns passos à frente, com o país a tornar-se na primeira nação asiática a legalizar o casamento homossexual, em 2019.

Na sexta-feira, a agência Reuters acrescentou que, apesar da forma de protesto dos The 1975 ter sido aplaudida no evento e por organizações internacionais, as mesmas organizações de proteção de pessoas queer existentes na Malásia acabaram por criticar Matt Healy, acusando de “ativismo performativo” e de colocar em risco uma comunidade já em perigo.

“Matt Healy tornou sem dúvida a situação pior para malaios queer que vivem aqui, e enfrentam as consequências, porque todos sabemos que os políticos vão usar isto para empurrar a sua agenda”, disse Carmen Rose, uma drag queen malaia, através do Twitter.

Esta não é a primeira vez que os The 1975 surgem no centro de uma polémica por causa de direitos LGBTI+. Em 2019, num concerto nos Emirados Árabes Unidos (outro país que criminaliza atos homossexuais), Healy beijou um fã do sexo masculino, levando a muitas críticas por partes das autoridades governamentais.

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