Miguel Relvas, antigo secretário-geral do Partido Social Democrata (PSD), referiu, na quarta-feira, que Pedro Nuno Santos “tem uma visão peronista da politica que até lhe dá um certo carisma mas que é assustador“. “É assustador para quem quer ser primeiro-ministro“, apontou ainda.
Em declarações na CNN Portugal, Miguel Relvas começou por apontar que o socialista “precisa objetivamente da presença de pessoas como o Francisco Assis, como o Álvaro Beleza, como o Sérgio Sousa Pinto que lhe dão respeitabilidade”.
No entanto, segundo argumentou, “Pedro Nuno Santos tem tropas, tem soldados, não tem generais na política”.
“Pedro Nuno Santos, para ser primeiro-ministro, não pode ser o primeiro-ministro que diz ‘ponham-se finos, não pagamos a divida’, não pode ser o ministro que trai o primeiro-ministro na questão do aeroporto”, fincou.
Segundo Miguel Relvas, “esta eleição do Partido Socialista (PS) é uma eleição fora de tempo”, sinalizando que “estamos a entrar num processo de degradação do nosso sistema político assustador“.
“Depois admiramo-nos do que aconteceu nos Países Baixos em que a extrema-direita ganhou as eleições”, atirou, afirmando que essa vitória deve-se a “votos de protesto, votos contra aqueles que têm tido responsabilidades ao longo dos últimos anos”.
De notar que Pedro Nuno Santos apresentou, na semana passada, a sua candidatura à liderança do PS, cujas eleições internas diretas estão marcadas para os dias 15 e 16 de dezembro e que acontecem na sequência da demissão de António Costa das funções de primeiro-ministro na passada terça-feira e do seu anúncio de que não se recandidatará a este cargo.
Na base da demissão, recorde-se, está uma investigação a António Costa no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados.
Segundo a indiciação, o MP considera que houve intervenção do primeiro-ministro na aprovação de um diploma favorável aos interesses da empresa Start Campus.
António Costa apresentou na terça-feira a demissão e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, anunciou depois a marcação de eleições legislativas antecipadas para 10 de março de 2024.
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