Passagem pelo Governo é "nuvem negra" que acompanha Pedro Nuno Santos

Passagem pelo Governo é "nuvem negra" que acompanha Pedro Nuno Santos

Numa reação às críticas tecidas contra ao secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, pelo líder da IL, Rui Rocha, que apontou que o socialista é “um fazedor de trapalhadas“, devido às posições assumidas pela TAP na contestação à ação judicial interposta pela ex-presidente da empresa, Luís Marques Mendes admitiu que o candidato a primeiro-ministro pelo PS “tem, de facto, uma sombra”, que tomou forma na sua passagem pelo Governo de António Costa.

Pedro Nuno Santos tem uma nuvem negra que o acompanha, que é a sua passagem pelo Governo. Isso é inevitável. É uma espécie de pesadelo. Viu-se esta semana, novamente, com questões sobre a TAP”, disse, no seu espaço de comentário na SIC Notícias.

Marques Mendes ressalvou, no entanto, não acreditar que seja esta situação “a tirar-lhe votos”.

Em matéria de votos, acho que já perdeu – e muito – o que tinha a perder com a TAP“, defendeu.

O social-democrata salientou, ainda, que o desígnio de Pedro Nuno Santos de se focar na economia como sendo um ponto positivo, já que “este não é o discurso tradicional do Governo, nem o discurso tradicional de António Costa, que diz que estamos a crescer bem”.

Contudo, um ponto negativo foi o facto de o secretário-geral do PS ter dado a entender que não tem como prioridade baixar impostos, algo em que diverge do líder do PSD, Luís Montenegro, que apresentou propostas nesse sentido, este domingo, na convenção da coligação Aliança Democrática (AD).

“É muito difícil uma pessoa querer mais crescimento económico, mais atração de investimento e maior criação de riqueza mantendo este altíssimo nível de fiscalidade nas pessoas e nas empresas”, sobretudo quando compararmos Portugal com países do Leste Europeu.

Mas, para Marques Mendes, a questão vai além da Esquerda ou da Direita, uma vez que, em 2014, António José Seguro, então líder do PS, fez um acordo com o social-democrata Pedro Passos Coelho para baixar o IRC.

É bom que o PS fale de mais crescimento económico, mas é importante que no programa eleitoral nos explique como é que, mesmo com esta fiscalidade alta, lá chegamos“, rematou.

“A maior parte das pessoas não vota em deputados”

Luís Marques Mendes abordou, além disso, as listas de deputados que começam a ser apresentadas pelos vários partidos, tendo apontado que, ainda que seja “importante” eleger “bons deputados”, a verdade é “as pessoas não votam em deputados”.

É muito importante ter bons deputados, mas acho que não é por aí que o partido A ou B ganha eleições“, começou por argumentar Marques Mendes, no seu espaço de comentário na SIC Notícias, já que “a maior parte das pessoas não vota em deputados“.

Na sua ótica, deveríamos ter um sistema eleitoral de círculos uninominais, compensados, depois, por círculos nacionais, por forma a promover “o mérito e a responsabilização” política.

“Posto isto, acho que os partidos, por aquilo que se conhece, estão a fazer um esforço para melhorar. Da parte do Partido Social Democrata (PSD), manifestamente, as listas têm mais qualidade do que anteriores, e também há o recurso a independentes. Não devem ser deputados apenas as pessoas dos partidos e dos aparelhos dos partidos – esta abertura é positiva”, disse.

Já no que diz respeito ao Partido Socialista (PS), Marques Mendes considerou que é positivo que Francisco Assis regresse ao Parlamento, ainda que se conheça “pouco”.

Contudo, o social-democrata apurou e avançou que a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, será cabeça de lista por Lisboa, a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, será a primeira por Setúbal, e a antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, sê-lo-á por Santarém.

São três mulheres e três pessoas com qualidade política. Pode gostar-se ou não das ideias, mas têm qualidade política”, reiterou.

Marques Mendes elogiou ainda o ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, por ter decidido afastar-se devido à Operação Influencer. É que, ainda que não seja arguido, o governante deu “um bom exemplo” ao recusar ser deputado “enquanto tudo não está esclarecido”.

Desta maneira, a democracia respira melhor“, considerou.

O comentador criticou, contudo, o afastamento da deputada da Iniciativa Liberal (IL) Carla Castro que, “na prática, [foi] uma exclusão”. “É um erro, porque mostrou ser uma deputada competente na IL e na AR. E, depois, disputou a liderança da IL e ficou a poucos pontos de ganhar“, recordou.

Noutras ‘boas notícias’, o antigo líder do PSD revelou ainda que o excedente orçamental de 2023 ficará, garantidamente, acima 0,8%, sendo que deverá rondar 1 ou 1,1% do PIB. Também a dívida pública ficará abaixo dos 100% do PIB e da meta definida pelo Governo, de acordo com o responsável.

[Notícia atualizada às 22h39]

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