"Para nós, a primeira prioridade é mesmo a economia"

"Para nós, a primeira prioridade é mesmo a economia"

Estas posições foram transmitidas por Pedro Nuno Santos num almoço/debate com membros da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), em Lisboa, em que apenas a intervenção inicial do ex-ministro socialista foi aberta à comunicação social.

Perante os membros da CCP, o secretário-geral do PS rejeitou a tese da separação entre comércio e serviços com a indústria, falando em contrapondo de que é essencial uma conceção de interdependência entre estas duas áreas económicas. E, uma vez mais, criticou a ausência de seletividade na concessão de apoios por parte do Estado.

“Para nós, a primeira prioridade é mesmo a economia. É conseguirmos modernizar, desenvolver o sofisticar a nossa economia. A grande ambição do nosso povo de viver melhor e ter melhores salários só se concretizará com uma economia mais forte. Se não conseguirmos vencer esse desafio, nunca será possível pagar bons salários em Portugal”, sustentou.

Sem fazer qualquer alusão direta ao PSD, o líder socialista traçou uma linha de demarcação ao advogar a ideia de que se “pode andar sempre atrás da reforma fiscal para ver se com isso se consegue aumentar o rendimento disponível das famílias”. Porém, na sua perspetiva, qualquer reforma fiscal “nunca será suficiente”.

“A única forma de as famílias viverem melhor é se tiverem melhores salários. E só conseguiremos pagar melhores salários se a economia portuguesa for mais forte”, reforçou.

Aos empresários, já na parte final da sua intervenção inicial, deixou nova nota sobre a sua linha política, pedindo-lhes que “desconstruam a visão de que o PS é só Estado social”, ou seja, é só redistribuição de rendimentos e pouca atenção à criação de riqueza.

“Quero contrariar essa visão, porque a nossa primeira prioridade é a economia como um todo, com a certeza de que é a única maneira de o nosso povo viver melhor e de o nosso Estado social ser mais robusto. Precisamos de uma economia a produzir mais valor”, insistiu o secretário-geral do PS.

Tal como já tinha feito durante a intervenção com que encerrou o congresso do PS no passado dia 07, o secretário-geral socialista procurou novamente transmitir a ideia de que uma das vias para se conseguir um maior efeito de arrastamento económico passa por introduzir uma maior seletividade na concessão de apoios, “em vez de se colocar dinheiro em todas as gavetas” para “não desagradar” a ninguém.

“O sistema de incentivos em Portugal é dos menos seletivos” da União Europeia, criticou, considerando que isso faz com que o fator transformação a partir do investimento público e dos fundos europeus não seja tão forte como poderia ser.

Neste campo, prometeu transportar para a política o sentido de “risco” e de “decisão” que disse serem inerentes à boa atividade empresarial.

“No meio da incerteza, os empresários têm de tomar decisões. Os que têm maior sucesso não arrastam os pés, não adiam. Sei que não há decisão que não tenha contestação”, acentuou, já depois de ter assinalado que, em Portugal, tradicionalmente, se evita desagradar para não gerar conflitos.

Na intervenção de abertura deste primeiro almoço/debate de uma série que a CCP tenciona promover com líder partidários, incluindo o do PSD, Luís Montenegro, o presidente desta confederação patronal, João Vieira Loess, tentou chamar a atenção do secretário-geral do PS para problemas estruturais na economia portuguesa, como “as falhas de competitividade e de produtividade” em muitas empresas nacionais.

Como questões fundamentais que se colocam à economia portuguesa, João Vieira Lopes apontou a falta de investimento público, a ausência de incentivos suficientes para estimular o investimento privado, o excesso de burocracia, a dificuldade de as empresas se capitalizarem e o desafio da “qualificação da gestão empresarial”.

João Vieira Lopes pediu ainda estabilidade na legislação laboral e “reformas concretas com definição de prioridades, a começar pela justiça económica”.

[Notícia atualizada às 16h28]

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