O secretário de Estado-adjunto do primeiro-ministro, António Mendonça Mendes acusou o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, de estar na origem da atual crise política, recordando que a demissão de António Costa não obrigava à dissolução do Parlamento, numa entrevista dada ao ECO e publicada esta quarta-feira.
Para o ex-secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, que desde novembro de 2022, passou a ser secretário de Estado-adjunto de Costa, “nos últimos oito anos, o PS foi impedido de governar duas vezes. Por duas vezes foram interrompidos os mandatos dos governos do Partido Socialista, e esse é o facto. Durante quatro anos houve uma maioria parlamentar de Esquerda, durante dois anos houve um Governo já sem acordos formais no Parlamento, mas que foi impedido de prosseguir o seu rumo com chumbo do Orçamento do Estado” e as razões que levaram a isso são conhecidas.
“Há um primeiro facto que é a demissão do primeiro-ministro, uma decisão que teve a ver única e exclusivamente com o tema da ética republicana, para preservar a função. Depois há outra decisão do senhor Presidente da República, que dissolveu o Parlamento. São duas coisas distintas”, atirou, recordando que “a dissolução do Parlamento é um poder que assiste ao Presidente da República” e que ao longo da “nossa História” os Chefes de Estado sempre tentaram “esgotar todas as hipóteses de estabilidade dentro do Parlamento para tomar uma decisão de dissolução”.
Já sobre a posição de António Costa, António Mendonça Mendes garante que respeita a sua decisão de se demitir, que considera ter sido “muito clara e tomada com um grande sentido de ética republicana, com grande desprendimento relativamente ao poder e com grande sentido de Estado”.
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