Nos Açores, BE pede reforço do partido e rutura com políticas de Direita

Nos Açores, BE pede reforço do partido e rutura com políticas de Direita

Ponta Delgada, Açores, 18 jan 2024 (Açores) — O coordenador do BE/Açores, António Lima, alerta que é preciso haver uma rutura com as políticas que têm conduzido a região para “problemas sérios” e pede um reforço do partido nas eleições antecipadas regionais de 04 de fevereiro.

“A região está mais pobre. As pessoas estão pior, a saúde está com problemas muito sérios. Há maiores desigualdades sociais. Na educação, o abandono escolar precoce degradou-se no último ano. E precisamos alterar isto”, considera António Lima, em entrevista à agência Lusa.

O deputado na Assembleia Legislativa dos Açores, desde outubro de 2017, encabeça o círculo por São Miguel e o círculo de compensação, os dois em que o BE assegurou mandatos nas anteriores regionais, em 2020.

Licenciado em Biologia e Geologia, António Manuel Raposo Lima, 42 anos, professor, é natural do concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, onde reside.

Coordenador regional do Bloco de Esquerda nos Açores desde julho de 2018 (é militante desde 2011), acredita no reforço do partido nas eleições, sublinhando que um maior número de deputados permite ter “mais força” e “mais apoio social” para implementar medidas fundamentais para o desenvolvimento do arquipélago.

Na sua opinião, os Açores estiveram “muito condicionados” nos últimos três anos de governo PSD/CDS-PP/PPM, com o apoio do Chega e da Iniciativa Liberal no parlamento. Atira também responsabilidades à “longa governação” socialista (de mais de 20 anos consecutivos), inclusive com maiorias absolutas.

“Essa responsabilidade e lastro de problemas vêm de trás, mas com a Direita no Governo [Regional] este problemas não se resolveram, pelo contrário, eles acentuaram-se”, sublinha António Lima.

E prossegue: “É por isso que não serve uma continuação deste governo, com ou sem Chega no governo. Sabemos que isso é aquilo que está mais ou menos previsto, caso José Manuel Bolieiro [candidato do PSD/CDS-PP/PPM e atual presidente do executivo] ganhe as eleições.”

Por outro lado, considera que “também não serve um regresso à política” do Partido Socialista.

Como “duas grandes prioridades estratégicas” no programa eleitoral, a candidatura define “a resposta imediata às pessoas e às crises” – desde logo na habitação, onde quer mais apoio às rendas — e a “preparação do futuro”, para mudanças profundas.

Propõe que “em grandes empreendimentos imobiliários haja uma percentagem de 25% que seja contratualizada com os privados” para disponibilizar casas a preços acessíveis.

A saúde é outra das preocupações do Bloco, que alerta para a “situação de subfinanciamento gritante” do setor no arquipélago, propondo incentivos permanentes à fixação de clínicos e “um regime de exclusividade facultativo para os médicos, que lhes garanta um aumento do salário base de 40%”.

Na educação, o BE quer incentivos à fixação de docentes e “integrar automaticamente aqueles que têm mais de três anos de serviço”. Para combater o abandono escolar precoce, apresenta “um plano articulado”, envolvendo “toda a sociedade”.

“Quando 26% dos jovens entre os 18 e os 24 anos abandona a escola antes de terminar o ensino secundário, estamos a esquecer a educação”, refere, condenando a “economia de baixos salários” que “serve alguma elite e algum tecido económico” em domínio nos Açores desde há muitos anos.

Questionado sobre o cenário pós-eleições, António Lima volta a rejeitar qualquer apoio “a um governo de Direita”.

“Sobre as soluções para o futuro, a partir de 04 de fevereiro falaremos nesta altura”, rematou.

Nas regionais de 2020, a abstenção fixou-se em 54,59%. Entre os votos validamente expressos, o PS obteve 40,65% (25 mandatos, com perda da maioria absoluta), o PSD 35,05% (21 mandatos) e o CDS-PP 5,73%, com três mandatos (o partido integrou ainda uma coligação com o PPM no Corvo que conseguiu eleger um deputado monárquico).

O Chega foi a quarta força mais votada, com 5,26% (dois mandatos), seguindo-se o BE, com 3,96% (dois), o PPM, com 2,41% (um, a que se somou o deputado eleito em coligação com o CDS-PP), a IL 2,01% (um) e o PAN 2% (um).

Às eleições de 04 de fevereiro concorrem, no total, 11 candidaturas, incluindo três coligações. O Bloco candidata-se em todos os círculos.

 

*** Ana Cristina Pereira (texto) e Eduardo Costa (foto), da agência Lusa ***

 

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