'Marvel’s Spider-Man 2'. Uma Autêntica Vitória E Uma Continuação Perfeita

A PlayStation já habituou os jogadores ao lançamento de uma boa dose anual de exclusivos e, em 2023, ‘Marvel’s Spider-Man 2’ é considerado por muitos como o grande exclusivo da PlayStation 5. É uma expectativa justa, tendo em conta que a produtora, a Insomniac Games, também foi responsável pelo lançamento de outros grandes jogos para a consola de nova geração da Sony – como é o caso de ‘Ratchet & Clank: Rift Apart’ e também de ‘Marvel’s Spider-Man: Miles Morales’, que serviu de estreia na PlayStation 5.

Já com dois jogos no portfólio com base no super-herói da Marvel, é natural que os fãs tenham uma elevada expectativa para ‘Marvel’s Spider-Man 2’. Afinal, será que depois de ‘‘Marvel’s Spider-Man’ em 2018’ e de ‘Marvel’s Spider-Man: Miles Morales’ em 2020, a Insomniac Games ainda consegue surpreender com esta ‘franchise’?

Felizmente, temos boas notícias para os fãs de Spider-Man, uma vez que ‘Marvel’s Spider-Man 2’ é não só mais uma aventura de grande qualidade com base no super-herói, como ainda para estabelecer um novo patamar de jogos de super-heróis. Aliás, diríamos mesmo que a Insomniac Games conseguiu superar-se a ela própria e que ‘Marvel’s Spider-Man 2’ é muito possivelmente o melhor jogo já desenvolvido pela produtora.

Estes elogios estão relacionados não só com a narrativa equilibrada e com impacto direto no desenvolvimento das personagens, como também com a forma como a produtora conseguiu melhorar e oferecer novos elementos na jogabilidade e ainda tira proveito da PlayStation 5 enquanto plataforma.

‘Marvel’s Spider-Man 2’ tem como protagonistas Peter Parker e Miles Morales, dois Spider-Man que já tiveram direito aos seus próprios jogos e que, neste título, podem ser controlados em pleno pelos jogadores. Peter e Miles têm as suas próprias habilidades distribuídas por ‘skill trees’ dedicadas, com uma terceira ‘skill tree’ a dizer respeito às capacidades partilhadas entre os dois.

Apesar de não verificarmos diferenças substanciais em controlar Peter e Miles, seja em deslocação ou no combate, as ‘skill trees’ focam-se em habilidades específicas – sejam as habilidades de Peter adquiridas com o fato de simbionte, como as capacidades de eletricidade e invisibilidade de Miles.

Mais do que dar a Peter e a Miles os seus próprios estilos distintivos, a Insomniac Games deu aos dois protagonistas uma grande importância narrativa. Enquanto Peter tenta equilibrar os vários desafios de um jovem adulto em início de carreira (e com ‘alter ego’) e o regresso inesperado do amigo de infância Harry Osborn, Miles está ainda a lidar com a perda do pai e a raiva que sente em relação ao responsável: um dos vilões do primeiro jogo, Mister Negative.

Ao invés da grande quantidade de vilões do primeiro jogo, ‘Marvel’s Spider-Man 2’ é muito mais focado no que diz respeito aos principais inimigos da narrativa principal. Os já confirmados Kraven e Venom são os grandes vilões com que Peter e Miles terão de lidar e ambos têm o devido (e merecido) destaque, com segmentos bem equilibrados entre eles que farão com que não sejam esquecidos brevemente pelos fãs.

Kraven, enquanto líder de um grupo de mercenários à procura de novas e entusiasmantes caçadas, é um adversário temível para os dois super-heróis. Será, claro, sempre uma questão de preferência de quem joga mas, no nosso caso, Venom é até agora o vilão mais memorável dos já adaptados pela Insomniac Games. Extremamente forte, imponente e pernicioso, Venom tem uma presença inigualável e será certamente difícil de bater em termos de impacto no futuro.

A narrativa de ‘Marvel’s Spider-Man 2’ é equilibrada, não é demasiado longa e é polvilhada por uma boa diversidade de missões secundárias, sendo que cada uma delas conta com os seus próprios vilões e (quem sabe) talvez algumas pistas para potenciais expansões no futuro.

A grande surpresa de ‘Marvel’s Spider-Man 2’ está realmente na jogabilidade. O primeiro jogo foi notável por tornar as travessias de Nova Iorque algo de divertido e não apenas uma chatice entre missões. Com ‘Marvel’s Spider-Man 2’ a Insomniac Games aproveitou para aumentar ainda mais o mapa e, no processo, de introduzir a capacidade Peter e Miles planarem para cobrir grandes distâncias.

Alternar entre balançar com teias nos prédios de Nova Iorque e planar, com ajuda de saídas de ar e correntes de vento, permitiu à Insomniac Games oferecer algo de novo ao mesmo tempo que cobre uma necessidade real para os jogadores. É, aliás, possível cobrir praticamente todo o mapa a planar, atendendo que aproveite as correntes de vento indicadas e saiba fazer uso das habilidades certas. É uma daquelas experiências marcantes entre as novidades de ‘Marvel’s Spider-Man 2’, com a única questão a ser apenas como a Insomniac Games conseguirá voltar a superar-se em futuros títulos.

A qualidade gráfica de ‘Marvel’s Spider-Man 2’ também dá que falar. Apesar de todo o jogo se situar numa grande cidade como Nova Iorque, o ambiente nunca dá a sensação de repetição e é, surpreendentemente, colorido e vibrante. O grafismo superior atingido com a PlayStation 5, aliado aos tempos de carregamento surpreendentemente rápidos, denota um claro trabalho da Insomniac Games em tirar total partido da nova consola da Sony.

Sobre os tempos de carregamento, serve mencionar a rapidez do sistema de ‘fast travel’. Escolher um ponto do mapa e iniciar o ‘fast travel’ faz com que Peter Parker e Miles Morales sejam automaticamente transportados para a zona escolhida – sem ecrãs de carregamento ou paragens. A mesma fluidez é atingida quando o jogador decide trocar entre Peter Parker e Miles, conseguindo uma das transições mais rápidas em jogos com mais do que um protagonista.

Considerações finais

‘Marvel’s Spider-Man 2’ é uma autêntica vitória da Insomniac Games e é daqueles títulos que pode ser considerado uma continuação (ou sequela) perfeita – algo difícil sobretudo tendo em conta o que foi conseguido com o original.

‘Marvel’s Spider-Man 2’ oferece mais, melhor e continua a manter o jogador investido para o que quer que a Insomniac Games tenha reservado, tome isso a forma de expansões ou de um (quase inevitável) terceiro título com o super-herói da Marvel. O jogo oferece uma campanha e missões secundárias suficientes, mas nunca num volume tal que torne os sistemas de deslocação ou de combate do jogo aborrecidos. Há ainda segmentos com Mary Jane Watson que prometem um pouco mais de emoções fortes e que estão igualmente bem realizados.

Mesmo os jogadores que não se dediquem à ‘caça’ de troféus ou de todos os fatos extra podem sentir-se motivados para tentar a platina em ‘Marvel’s Spider-Man 2’, uma vez que tal feito não deverá demorar mais do que 30 horas de jogo – uma raridade em jogos do género com um mundo aberto destas dimensões.

Pontos fortes

– Uma história mais pessoal de Peter Parker;

– Menos vilões, mas mais impacto com Venom em grande destaque;

– Missões secundárias ‘sumarentas’ e relevantes;

– ‘Passear’ em Nova Iorque continua a ser um prazer;

– Grafismo e tempos de carregamento praticamente inexistentes;

Pontos fracos

– Mais ‘skill trees’, mas combate quase inalterado;

– Apesar das diferentes habilidades, combate com Peter e Miles é (talvez) demasiado semelhante;

Ideal para…

Enquanto grande exclusivo da PlayStation 5 neste final de 2023, ‘Marvel’s Spider-Man 2’ é praticamente obrigatório para os jogadores da consola. Sobretudo para os que gostam de jogos em mundo aberto.

Os fãs de ‘Spider-Man’ também ficarão bem servidos, uma vez que a história tem algumas variações em relação aos enredos mais populares da banda desenhada. Os fãs de Venom ficarão especialmente satisfeitos com a forma como o vilão foi adaptado.