Da ideia surgida em 2010 resultou um guia turístico com retratos de memoriais e monumentos ligados a catástrofes por todo o mundo, que o coletivo considera irónico, reconhecendo que alguns turistas visitam espaços de morte e tragédia, muitas vezes sem perceber as origens e causas das catástrofes.
Com a produção da Associação Cósmica, o guia foi impresso e dá a conhecer, num capítulo, 24 monumentos de Portugal, como a Cruz do Calvário, em Sesimbra, a Capela dos Ossos de Campo Maior, o memorial em homenagem aos Pescadores da Lagoa de Santo André, em Santiago do Cacém, e o memorial aos antigos presos políticos, em Peniche.
O documentário “Monumento Catástrofe”, gravado também no país, é um complemento do guia internacional e retrata uma viagem pelos espaços de desastre, histórias e memórias das mortes coletivas, onde o caos é abordado como uma manifestação de interesses políticos.
O coletivo ativista encontra-se em Lisboa desde 2011 e disse à agência Lusa que entende a catástrofe como um processo em curso, com história e causas políticas, humanas, económicas e ontológicas, questionando o porquê da criação de monumentos ligados a genocídios, guerra, atentados e escravatura, quando as causas das catástrofes acabam por ser ignoradas.
Numa nota, pode ler-se que, pelo olhar do coletivo, o monumento público está “carregado de ideologia e valores funcionais, servindo mais para legitimação do poder estabelecido do que para a reparação das comunidades afetadas pelas catástrofes”.
Além dos guias virtuais, foram impressos 500 guias destinados à entrega durante as apresentações do projeto em Lisboa, Porto, Algarve e Coimbra.
O documentário está na seleção oficial do festival “Caminhos do Cinema Português” e foi apresentado, na semana passada, no Museu do Aljube, em Lisboa.
Todo o trabalho do ‘Left Hand Rotation’ é de acesso gratuito e encontra-se maioritariamente disponível na internet, através do ‘link’ https://www.lefthandrotation.com/.
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