Intitulada “Cavaleiro Faria. Um desenhador português do século XVIII”, esta será a primeira exposição monográfica dedicada ao enigmático desenhador português da segunda metade do século XVIII, também conhecido como “Eques Faria”.
Com este nome, assinou dezenas de desenhos, e uma aprofundada investigação levada a cabo pelas comissárias da exposição, Alexandra Markl e Celina Bastos, permitiu agora revelar a sua identidade como Inocêncio de Faria e Aguiar (1709-1792).
A pesquisa possibilitou delinear a sua biografia e reunir uma parte significativa da obra artística deste “singular e original desenhador à pena de aves”, documentada entre 1761 e 1771, datas inscritas nos seus desenhos, sendo de 1783 o seu último trabalho datado conhecido, segundo o Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), que detém o mais relevante acervo do artista.
A exposição temporária, que ficará patente até 25 de junho, apresenta o trabalho deste oficial do Conselho da Fazenda, Cavaleiro da Ordem de Cristo e da Casa Real, filho e neto de ourives do Ouro.
Inocêncio de Faria e Aguiar foi um artista amador que desenhava nas horas livres, e nos seus trabalhos gráficos empregava exclusivamente a pena e tinta castanha, os mesmos materiais que também usava para escrever.
De acordo com as comissárias, Faria foi um artista singular, tanto na expressão gráfica como nos assuntos que abordou, além de ter ilustrado alguns livros manuscritos, expostos agora pela primeira vez.
O artista explorou uma temática essencialmente profana, composta por assuntos pouco habituais na época, em Portugal, nomeadamente cenas militares, ruínas, paisagens campestres, marinhas, festas populares, “que na arte nacional davam apenas os primeiros passos, mas que estavam bem presentes no colecionismo de pinturas e de estampas estrangeiras”, assinalam as comissárias.
Nascido em Lisboa, Inocêncio de Faria e Aguiar produziu desenhos “não como estudos mas como trabalhos finais, com caráter e dignidade próprias, e pensados para serem consumidos e admirados por si mesmos”.
Para além de uma gravura conhecida, e da ilustração de livros, cruzou a atividade de artista com o trabalho de calígrafo, realizando maioritariamente composições rebuscadas, por vezes inspiradas em gravuras italianas, holandesas e francesas, que caracterizaram a sua cultura visual.
A exposição é complementada por algumas obras pertencentes a outras coleções públicas e privadas para dar uma visão de conjunto da obra do artista, segundo o MNAA.
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