O comunista Bernardino Soares comentou, esta sexta-feira, a polémica em torno das palavras do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, que disse ao chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal que alguns palestinianos “não deviam ter começado” esta guerra com Israel e aconselhou-os a serem moderados e pacíficos.
“O que interessa mais nestas declarações do Presidente da República é que elas são desastrosas em relação ao que se passa hoje na Palestina e que nem cumprem os mínimos que a posição histórica da diplomacia portuguesa tem tido em relação a esta matéria”, começou por dizer no seu espaço de comentário na CNN Portugal.
O ex-deputado na Assembleia da República apontou ainda que o chefe de Estado caiu em vários erros, e que o primeiro destes todos tinha sido “tender a confundir o Hamas com o povo da Palestina”.
Sublinhando a “inteligência de Marcelo”, o também ex-autarca da Câmara Municipal de Loures apontou que essa foi uma das coisas que mais tarde corrigiu. “Ao longo do dia foi tentando corrigir várias coisas”, apontou.
Entre a polémica que se criava e a reações partidárias a surgirem, Marcelo deu novas explicações, argumentando que “o ataque terrorista [de 7 de Outubro], como se deu, serviu de pretexto” àqueles que “são adversários” da proposta de solução de dois Estados como resolução do conflito entre Israel e a Palestina.
“Expliquei e até acrescentei que felizmente os palestinianos como um todo não se podem confundir com o ataque terrorista de um grupo muito específico”, reiterou Marcelo Rebelo de Sousa aos jornalistas, respondendo às críticas de que foi alvo.
“Em 2.º lugar acusa o representante da Palestina de faze parte dos que ‘começaram isto a 7 de outubro’. Isto não começou a 7 de outubro e [Marcelo] não tem, sobretudo, uma a palavra, um distanciamento, em relação à forma como Israel está a responder ao ato terrorista do Hamas. E esse é que é o ponto essencial”, considerou.
O comentador aponta ainda que o chefe de Estado responde ao representante da autoridade palestiniana “dizendo que os 56 anos de ocupação são outra coisa – que a resposta de Israel é outra coisa. Mas não são outra coisa. É tudo a mesma coisa”.
Questionado sobre se Marcelo Rebelo de Sousa se tinha “excedido” na defesa de Israel, o ex-parlamentar considerou que o líder não defendeu “explicitamente Israel”, mas que perante a “mortandade” a que se assiste com certas situações consequentes da reação de Telavive – como bombardeamento de ambulâncias, hospitais, campos de refugiados, entre outros -, “não dizer nada perante isto é de uma enorme insensibilidade.
O comunista notou que é preciso condenar “inequivocamente” o grupo islamita Hamas, mas que também é preciso olhar para os inocentes dois dois lados. “Israel está a fazer o que sempre fez – inviabilizar qualquer solução para o problema da criação do Estado da Palestina”, rematou.
Leia Também: Após polémica, Marcelo esclarece: “Ataque terrorista serviu de pretexto”