Crescimento do Chega Deve-se a "alguma inoperância dos outros partidos"

Crescimento do Chega Deve-se a "alguma inoperância dos outros partidos"

O ex-ministro da Economia, António Pires de Lima, referiu, esta quarta-feira, que o crescimento do Chega, já a terceira força política em Portugal, se deve, “pelo menos até aqui, a alguma inoperância dos outros partidos que costumavam representar a alternativa”

Em entrevista à RTP3, Pires de Lima revelou que “desejaria muito que neste período até às eleições de 10 de março, os políticos, nomeadamente aqueles que representam propostas mais moderadas e que de acordo com a tradição têm maior de possibilidade de chegarem ao Governo e de serem primeiros-ministros, dessem um exemplo de urbanidade, de respeito e tolerância“. 

Para Pires de Lima, “um adversário político não é um inimigo”. “Precisamos de adversários para podermos viver em democracia”, salientou ainda, reforçando que “se os políticos não se respeitam uns aos outros, é difícil pedirem o respeito e serem levados a sério pelos portugueses”.

“Potencial eleição de Trump representa uma ameaça séria”

O ex-ministro da Economia considerou que as eleições norte-americanas são “um momento determinante” em 2024 e que a “potencial eleição de Donald Trump, que é neste momento o favorito, representa uma ameaça séria”.

Pires de Lima afirmou que Trump “não é propriamente um humanista e nesse sentido há um conjunto de valores que estão ameaçados, nomeadamente os movimentos migratórios”. Questionado se o curso do mundo pode mudar com as eleições dos EUA, Pires de Lima referiu que prefere não ser “demasiado dramático” e que “o mundo continuará a existir”.

António Pires de Lima abordou o tema das alterações climáticas para referir que “Trump é um negacionista”, mas defendeu que nesta luta “o mundo deveria reforçar o seu compromisso”.  

O antigo ministro da Economia referiu ainda que o ex-presidente dos EUA “não é propriamente um amigo da NATO” e que “a defesa da Europa não será exatamente a mesma coisa se o senhor Biden for substituído pelo senhor Trump”. “Há um conjunto de fatores que podem contaminar o mundo, que já não entrou no ano de 2024 propriamente num registo de estabilidade e de certezas”, afirmou. 

Apesar das guerras na Ucrânia e Médio Oriente e outras circunstâncias, Pires de Lima salientou que “as economias mundiais, e a portuguesa também, têm mostrado uma resiliência muito significativa”. “Do ponto de vista económico, dá-se aqui um fenómeno curioso é que apesar da enorme incerteza política, apesar das guerras, as empresas e a economia parece viver. E esse é um dado curioso”, afirmou.

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