“Pelos nossos números já recebidos — e ainda não confirmados pelo Instituto Nacional de Estatísticas [INE] — poderão estar a atingir os 700 mil turistas que tenham chegado a Cabo Verde, isto significa 90% daquilo que nós recebemos em 2019, são números interessantes”, revelou Carlos Santos.
Em declarações aos jornalistas no âmbito do segundo Conselho do Ministério do Turismo e Transportes, realizado na cidade da Praia, o ministro disse esperar que o país possa este ano ultrapassar o recorde de turistas recebidos em 2019.
“Esperamos que sim. Eu creio que se não houver essas perturbações internacionais, uma escalada inflacionária no segundo semestre, nós podemos chegar aos números de 2019”, perspetivou o governante, notando que “a recuperação chegou”, após a procura turística cair mais de 60% em 2020, devido às restrições impostas para conter a pandemia de covid-19.
Depois dessa queda, o ministro disse que país está a tornar-se num “destino muito apreciado pelos turistas”, que têm um perfil diferente, estando à procura de outro tipo de produto, nomeadamente cultural e gastronómico.
“O que exige de nós uma preocupação e cuidados maiores, no sentido de disponibilizarmos serviços com qualidade, segurança e higiene alimentar, segurança das pessoas, acessibilidades”, apontou Carlos Santos, salientando que tudo isso também representa oportunidades para investidores e empreendedores, sobretudo os mais jovens.
E para fomentar o turismo, o ministro disse que o Governo está a trabalhar em várias frentes, designadamente no incentivo a operadores aéreos turísticos para o arquipélago, para diversificar a proveniência dos turistas e aumentar ainda mais a contribuição deste setor, que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde.
O Conselho do Ministério do Turismo e Transportes vai ter como foco o Programa Operacional do Turismo (POT) 2022-2026, que reflete a visão e ambição do Governo nesta que é o principal setor de atividade económica do país, e com os transportes, contribuem para 35% do PIB.
Orçado em cerca de 200 milhões de euros para os próximos quatro anos, o ministro revelou que já foram mobilizados cerca de 50% desse valor, através do Banco Mundial e do Fundo do Turismo, tendo como objetivo “estruturar bem” a oferta turística do arquipélago.
Boa parte do montante destina-se a melhorar as infraestruturas turísticas, mas o país quer apostar muito na apresentação e publicitação do destino. “Sem perder de vista a sustentabilidade, que hoje é um princípio norteador do crescimento”, salientou o governante.
Uma das metas do programa é fazer com que 40% dos turistas que venham a chegar ao país em 2026 possam ir para outras ilhas, além das principais de sol e praia, como Sal e Boa Vista.
Com alguma retoma da procura turística, o país cresceu 7% em 2021, segundo dados do INE. Entretanto, devido às consequências económicas da guerra na Ucrânia, o Governo cabo-verdiano reviu de 6% para 4% a perspetiva de crescimento económico em 2022.
Contudo, uma nova revisão do crescimento, feita pelo Governo e pelo Banco de Cabo Verde, estima que poderá afinal ser superior a 8% do PIB ou mesmo chegar aos 12%.
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