Bolieiro não admite "chantagem" do Chega e pede "responsabilidade" ao PS

Bolieiro não admite "chantagem" do Chega e pede "responsabilidade" ao PS

O presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, disse, esta quarta-feira, que o Chega “tem uma nova responsabilidade porque cresceu” e “tem de ser elemento da solução e não do problema e não pode fazer chantagem, porque não admito essa solução”. Já ao Partido Socialista pediu “um sentido de responsabilidade pela estabilidade“.

Em entrevista à RTP3, Boleiro considerou que o PS tem de “de promover o interesse dos Açores e da reputação da democracia”.

O presidente do Governo Regional dos Açores negou ainda qualquer acordo com outro partido que não faça parte da coligação com que foi a votos: “Sou conhecido como um conciliador e negoceio com o sentido de responsabilidade em afirmar estabilidade. No entanto, o meu projeto governativo é exclusivamente em relação à coligação que eu lidero que é PSD/CDS/PPM, que teve a maioria relativa“, referiu.

José Manuel Bolieiro reforçou também que mantém tudo o “que disse na noite eleitoral” e destacou que “houve, como se notou nestas eleições, uma aceitação do povo para políticas que deram bons resultados na governação em todas as áreas”

“As democracias ocidentais já viveram há muito tempo, têm de voltar a conviver com governos de maioria relativa”, afirmou. Bolieiro salientou que “não se pode contrariar sempre a vontade do povo que, no meu entendimento, é de estabilidade e, neste caso, da vontade de continuidade da governação que estava a ser desenvolvida“. 

Questionado sobre a necessidade de necessitar do apoio ou abstenção do Partido Socialista (PS) ou do Chega, o presidente do Governo Regional dos Açores afirmou que não fez nenhum contacto qualquer um dos partidos. “O diálogo e a concertação será feita num quadro em sede parlamentar de discutir os planos de orçamentos”, referiu.

Já sobre o facto de o Chega ter afirmado que mantinha contatos informais com o PSD, Bolieiro afirmou que não há dúvidas sobre quem lidera a coligação. “Não há contatos comigo, ponto final”.

Bolieiro afirma que se colocará “de acordo com vontade do povo”

Quanto à possibilidade de os açorianos serem, novamente, chamados às urnas caso o programa de governo seja, em meados de março, chumbado pelo Parlamento Regional, Boleiro disse que se colocará “sempre de acordo com a vontade do povo”. “Naturalmente que serei recandidato e estou convencido que essa irresponsabilidade será devidamente punida, sendo que haverá um prejuízo para a região, para a economia e para a sociedade”, disse.

José Manuel Bolieiro negou que o facto de ter feito, em 2020, um acordo com o Chega tenha sido traumática para as lideranças do PSD nacional. “Somos órgão de governo próprio. Não recebo indicações, nem indigitações das minhas opções estratégicas dos órgãos nacionais”, declarou. 

Questionado sobre as legislativas de 10 de marco, Boleiro referiu que acredita que Luís Montenegro “tem todas as condições” para ganhar as eleições. “Desejo [a vitória de Montenegro] e penso que é de interesse nacional”, afirmou. “Penso que Luís Montenegro e AD representam uma ideia reformista que eu subscrevo”, disse ainda José Manuel Bolieiro. 

De recordar que José Manuel Bolieiro venceu as eleições para o parlamento dos Açores, no domingo, mas não conquistou uma maioria absoluta. A coligação AD foi a escolhida por 42,08% dos eleitores (48.668 votos) e conseguiu 26 lugares no parlamento regional, constituído por um total de 57 deputados.

Por sua vez, o PS conquistou 23 deputados, tendo alcançado 35,91% (41.538 votos). Em terceiro lugar na votação ficou o Chega, com 9,19% (10.626 votos), tendo conseguido eleger cinco deputados.

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