“Temos uma meta eleitoral – é de podermos contar com maioria estável. […] Uma maioria estável, claro está, com maioria absoluta de mandatos, que garanta a estabilidade para a legislatura e a consistência sistémica das políticas reformistas que temos vindo a desenvolver”, disse José Manuel Bolieiro, em entrevista à agência Lusa.
O social-democrata, líder da estrutura partidária regional desde o final de 2019, encara este objetivo como sendo do “superior interesse dos Açores” – para a região “no seu todo”, no âmbito da relação com o Governo da República e no quadro da integração europeia.
“O objetivo da coligação, perante uma interrupção da legislatura, é de continuidade e de consistência nas suas políticas públicas e no paradigma de governação que implementou desde que assumiu [o] poder na região, em 2020”, esclareceu.
Salientou também tratar-se de uma continuidade, “em função de uma consistência das políticas públicas que trouxe bons resultados e uma visão verdadeiramente reformista”.
José Manuel Cabral Dias Bolieiro, natural da vila da Povoação e residente no concelho de Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, considera que uma maioria absoluta para a coligação que lidera será um benefício para a democracia, uma vez que a “alternância foi adquirida em 2020” (após mais de 20 anos de gestão socialista) e o executivo por si liderado estava a consolidar a alternativa política na região.
“Toda a instabilidade política não foi gerada por instabilidade social ou laboral na economia ou na sociedade”, lembrou.
Apesar de desejar “uma maioria estável para melhor servir a democracia em autonomia” e o desenvolvimento do arquipélago, o advogado, de 58 anos, garante que se conformará “com a soberana vontade do povo”.
“Mesmo que – e repito – tenha, por um sentimento de responsabilidade e de confiança do eleitorado, uma maioria absoluta, uma maioria estável de governação, também declaro, com a certeza absoluta, que manterei a minha humildade democrática para o diálogo, para a concertação social, não só entre partidos, como também com a sociedade no seu todo”, sublinhou.
Questionado sobre a possibilidade de entendimentos com outros partidos após as eleições, respondeu que terá uma atitude “dialogante, de humildade democrática e de receber os bons conselhos, venham de onde vierem, para fazer mais e melhor”.
“Sem comprometer, obviamente, as minhas linhas ideológicas, doutrinárias, programáticas e estratégicas, por uma visão reformista que tenho da governação dos Açores para o futuro”, ressalvou.
Caso seja reeleito líder do executivo, o militante do PSD desde 1992 – que já foi deputado regional, presidente da Câmara de Ponta Delgada (2012-2020) e presidente da Assembleia Municipal da Povoação (2002-2009) – aponta para o próximo mandato projetos em áreas como a transição energética e digital, a ação climática e a aposta na economia azul e nas atividades espaciais.
“Temos projetos para tudo isso e estamos a desenvolver com grande competência e de forma ainda embrionária. Daí a importância da consistência política estratégica”, observou.
O cabeça de lista pelo círculo de São Miguel augura para os Açores um futuro que dê “relevância geoestratégica” para que o território seja “uma centralidade atlântica mundial e não apenas uma região ultraperiférica”.
Nas declarações à Lusa, o líder da coligação PSD/CDS-PP/PPM também lembrou que o seu governo aplicou medidas com “visão reformista” e inovadoras, como a Tarifa Açores e o programa Novos Idosos.
Enquanto a primeira medida permite aos residentes no arquipélago viajar de avião entre ilhas por um valor máximo de 60 euros, ida e volta), a segunda possibilita aos idosos continuarem a viver em casa e na comunidade, com um plano individual de cuidados em que um familiar pode ser indicado como cuidador domiciliário e receber um apoio monetário mensal.
“Eu estou convencido de que tenho uma oferta de governação para a década muito superior àquelas que são as ofertas dos meus adversários, porque tenho tido consistência não só nas políticas e na visão reformista que tenho introduzido, como também nos resultados”, concluiu.
A coligação PSD/CDS-PP/PPM suporta o executivo que governa a Região Autónoma dos Açores desde 2020. O PS perdeu então a maioria absoluta, surgindo a alternativa de direita, com acordos de incidência parlamentar com o Chega (no caso da coligação) e com a IL (no caso do PSD).
Reunidos os 29 assentos necessários para uma maioria absoluta, o primeiro Orçamento apresentado (para 2021) foi aprovado, com os votos contra do PS e do BE e a abstenção do PAN.
Meses depois, um dos deputados do Chega abandonou o partido, mas manteve o apoio ao Governo Regional na condição de independente.
Na discussão do Orçamento para 2022, Chega e IL ameaçaram votar contra, mas acabaram por dar um voto favorável, ao verem aceites condições em diferentes áreas. O documento relativo a 2023 chegou ao parlamento sem ameaças de chumbo, mas Bolieiro deixou apelos à “estabilidade política”.
Em 2023, meses depois de a IL e o deputado independente anunciarem o fim dos entendimentos políticos, a coligação viu o Orçamento para este ano chumbado, o que levou o Presidente da República a dissolver a assembleia legislativa.
Às eleições de 04 de fevereiro concorrem 11 candidaturas, incluindo três coligações.
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