O líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, pediu esclarecimentos esta quarta-feira sobre a polémica em torno da compra de ações dos CTT – Correios de Portugal pela Parpública, considerando que “o setor empresarial do Estado” não pode “ter interferência política”.
“A possibilidade de a Parpública ser usada como instrumento político e determinar as suas ações para agradar determinados partidos políticos é uma situação grave”, começou por dizer Rui Rocha em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, em Lisboa.
“O governo socialista ter comprado ações da Parpública, indiciando um caminho que poderia levar até à nacionalização dos próprios CTT, parece-nos que é uma situação que deveria ser esclarecida”, acrescenta o liberal, indicando que esta compra terá sido feita “para agradar ao Bloco de Esquerda”.
Pedro Nuno Santos, agora candidato a secretário-geral do Partido Socialista, era o ministro da tutela que acompanhava a concessão dos CTT, diz ainda Rui Rocha, pedindo “uma clarificação política” do próprio sobre se a Parpública “foi ou não um instrumento político ao serviço de interesses políticos com prejuízo da sua independência e da sua motivação existencial”.
“Não podemos ter o setor empresarial do Estado a fazer política e a ter interferência política”, ressalva Rocha.
De recordar que, ao que tudo indica, o anterior Governo, sem o divulgar, instruiu a Parpública a comprar ações dos CTT através de um despacho do então ministro das Finanças, João Leão.
Já o jornal ECO acrescentou que a Parpública tem uma “posição residual” de cerca de 0,25% no capital dos CTT, que corresponderá a menos de 380 mil ações.
“Apesar de a empresa do Estado nunca ter revelado a compra de ações dos Correios, o ECO apurou que a participação nos CTT é uma das incluídas no Relatório e Contas de 2021, no quadro dedicado a ‘Outras participações financeiras’, com a indicação ‘Outros’ – avaliada, a 31 de dezembro desse ano, em 1,73 milhões de euros”, referiu o ECO.
De recordar que os CTT foram privatizados entre 2013 e 2014 pela governação PSD/CDS-PP em período de assistência financeira externa a Portugal.
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