“As autoridades francesas descobriram a existência de uma campanha digital de manipulação de informação contra a França, envolvendo atores russos e na qual participaram entidades estatais ou afiliadas ao Estado russo, amplificando informações falsas”, disse hoje a porta-voz da ministra dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, citada pela agência francesa de notícias, a France-Presse (AFP).
Num comunicado lido pela porta-voz, o Ministério acusa a Rússia de criar vários sites de órgãos de comunicação social, assim como do Ministério dos Negócios Estrangeiros e outros sítios governamentais que são praticamente iguais aos oficiais, disse Anne-Claire Legendre.
“O envolvimento das embaixadas e dos centros culturais russos, que desempenharam um papel ativo na amplificação desta campanha, incluindo através das suas contas institucionais nas redes sociais, é mais uma ilustração da estratégia híbrida que a Rússia está a implementar para minar as condições do debate democrático”, disse a porta-voz da ministra.
A operação revelada pelo governo, que marca o distanciamento de um tom geralmente cauteloso na atribuição de campanhas digitais de desinformação, é “a segunda fase de uma campanha já conhecida, mas com modos de ação mais sofisticados, concebidos para contornar as contramedidas e ser mais dissimulada”, disse à AFP uma fonte de segurança envolvida no caso.
Em causa está a Operação Doppelgänger, já documentada em 2022 pela organização europeia EU DisinfoLab e pelo gigante americano Meta.
No final de setembro, a dona do Facebook anunciou que tinha desmantelado uma operação de “influência secreta” na sua plataforma, com origem na Rússia, para aumentar a visibilidade destes artigos de sites piratas, para a qual os seus promotores, duas consultoras de marketing e informática, tinham gasto cerca de 105.000 dólares.
“A Meta esperava que o seu relatório pusesse fim às operações, mas não foi o caso”, explica a fonte de segurança.
Pelo menos quatro diários franceses – Le Parisien, Le Figaro, Le Monde e 20 minutes – foram vítimas da operação, mas outros grandes meios de comunicação social europeus também foram visados, nomeadamente na Alemanha (FAZ, Der Spiegel, Bild, Die Welt, etc.).
Os piratas informáticos produziram artigos falsos numa página em tudo idêntica à do sítio Web oficial destes meios de comunicação social, mas com um nome de domínio diferente, por exemplo, .ltd em vez de .fr.
O procedimento é tão sofisticado que, ao clicar nas ligações de hipertexto que os artigos contêm, é possível aceder aos outros artigos do jornal verdadeiro, uma prática conhecida como “typosquatting”.
O conflito na Ucrânia mergulhou a Europa naquela que é considerada como a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Desconhece-se o número de baixas civis e militares, mas diversas fontes, incluindo a ONU, têm admitido que será elevado.
Além de fornecerem armamento a Kiev, os aliados ocidentais têm imposto sanções económicas à Rússia para tentar diminuir a sua capacidade de financiar o esforço de guerra.
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