“A forte procura pela emissão pioneira de títulos de dívida em dólares por parte do Benim, esta semana, ilustra que os investidores estão a recuperar o interesse nos mercados emergentes, particularmente naqueles que demonstram um desempenho económico resiliente e um empenho nas reformas”, escreveu a agência de notação financeira Standard & Poor’s.
Comentando a emissão de dívida de quase 700 milhões de euros, a S&P salientou que “os investidores vão privilegiar os países que têm sólidas relações com os parceiros internacionais e estão a perseguir uma consolidação orçamental alicerçada no lado da receita”.
Na emissão, as ofertas de investimento chegaram a cinco mil milhões de dólares, cerca de 4,6 mil milhões de euros, indicando uma “forte procura” pelos títulos deste país africano que fez a estreia nos mercados internacionais e enfrentou uma taxa de juro semelhante à da Costa do Marfim, que, com a emissão de dívida de há duas semanas, se tornou o primeiro país da África subsaariana a testar os mercados nos últimos dois anos.
O Governo do Benim planeia usar as verbas para financiar projetos do seu plano de desenvolvimento e reduzir o endividamento no mercado regional, o que, para a S&P, “vai reduzir significativamente as incertezas relativamente ao financiamento do orçamento deste ano”.
O Benim é uma das economias em mais rápido crescimento na África subsaariana este ano, com o Fundo Monetário Internacional a prever uma aceleração de 6,3% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano.
Desde que começou o programa com o FMI, este país da África Ocidental que faz fronteira com o Togo e a Nigéria, a oeste e leste, e com o Níger e o Burkina Faso, a norte, focou-se nas reformas económicas para reduzir o défice orçamental para 3,7%, reduzindo o rácio da dívida pública de 53% em 2023, para 52,4% este ano.
Numa conferência de imprensa realizada na segunda-feira, o diretor do departamento africano do FMI disse que esperava que mais países, nomeadamente o Quénia, fossem aos mercados depois da emissão de 2,6 mil milhões de dólares da Costa do Marfim, e salientou que a média do rácio da dívida pública na região estabilizou nos 60% do PIB.
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