A ex-deputada do PSD Manuela Tender foi hoje anunciada pelo partido como cabeça de lista do Chega pelo círculo eleitoral de Vila Real.
A professora, que também encabeçou a lista distrital pelo Chega nas legislativas de 2022, foi deputada na Assembleia da República eleita pelo PSD, entre os anos de 2011 e 2019, e desfiliou-se daquele partido no início de 2020, por divergências com a distrital do partido.
Em comunicado, a distrital de Vila Real e núcleos concelhios correspondentes do partido Chega revelaram uma “discordância em absoluto” da indicação de Manuela Tender para encabeçar a lista de deputados pelo distrito transmontano.
Os dirigentes locais do locais do partido justificaram a sua discordância devido “à anterior prestação no PSD” da ex-deputada e à “suspeita de ter presenças fantasma, em que, no mesmo dia, estava presente na reunião plenária da Assembleia da República e em reunião na Câmara de Chaves”, exemplificando com notícias publicadas em novembro de 2018.
“Entendemos que o comportamento alegadamente evidenciado neste episódio não se adequa nem é compatível com os valores e princípios que o partido sempre defende e defendeu”, afirmaram.
No comunicado questionam ainda: – “Com esta nomeação, como será possível ‘Limpar Portugal’ se os panos de limpeza já se encontram gastos e sujos, e cheios de ‘vícios’ de outras lides, que jamais lutarão por Portugal, apenas pela sua agenda própria”.
“Limpar Portugal” é o slogan adotado pelo partido liderado por André Ventura.
Contactada pela agência Lusa, Manuela Tender começou por dizer que “não vale tudo em política” e que o comunicado, que classificou “de vil”, diz “bem do desespero de quem o produziu, por não ter sido escolha do presidente do partido”.
Depois, salientou que aceitou o convite de André Ventura “com muito gosto” e que tudo fará para que “o Chega tenha um excelente resultado no distrito”.
Quanto às notícias sobre as presenças fantasma na AR, Manuela Tender disse que se trata de “uma não questão”.
“A notícia resultou de uma denúncia anónima e pude comprovar que, nos dias referidos, estive efetivamente na reunião da Câmara de Chaves com início às 9:00 da manhã e no plenário da Assembleia da República com início às 15:00, mas que se prolonga durante a tarde, tendo chegado um pouco atrasada a esta reunião em Lisboa, mas esse atraso era justificado pelo trabalho político no meu círculo, como é natural”, justificou.
Acrescentou que “terminando as reuniões de câmara pelas 11:00 ou 11:30, dava perfeitamente para chegar ainda a tempo do plenário que termina ao fim da tarde, quer de carro quer de avião Vila Real – Lisboa ou Porto -Lisboa”.
“Da comissão política distrital do Chega de Vila Real espera-se que cumpra e faça cumprir os estatutos e os regulamentos eleitorais, que dinamize o trabalho político na região, que colabore com o presidente e as estruturas nacionais do Chega e que respeite a prerrogativa da escolha dos cabeças-de-lista por parte do presidente do partido, como acontece em todos”, afirmou.
E continuou: – “São bem-vindos todos aqueles que quiserem trabalhar e contribuir para a mudança. Mas com lisura no trato e correção. Estes métodos não têm cabimento num partido responsável que aspira a governar Portugal”.
Em 2022, o PS venceu as eleições no distrito de Vila Real com 43.489 votos (41,29%), ficando o PSD em segundo lugar com 42.135 votos (40,01%) e, em terceiro lugar, o Chega com 7.573 votos (7,19%).
O PS elegeu três deputados e o PSD dois.
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