O líder do Partido Socialista (PS) da Madeira, Paulo Cafôfo, comentou, esta sexta-feira, a polémica sobre as suspeitas de corrupção que visam o presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD).
Mais especificamente, Cafôfo falou sobre a reação do Presidente da República, que admitiu possibilidade de, caso Albuquerque se demita, a atual coligação PSD-CDS possa continuar na liderança do governo regional. Marcelo Rebelo de Sousa disse, também, que só poderá legalmente dissolver o parlamento madeirense “daqui a dois meses”.
“O Presidente da República não pode olhar para o lado e deixar de acompanhar esta situação, até porque, como somos o mesmo país, não podemos ter um país com dois pesos e duas medidas”, disse o líder do PS/Madeira, em declarações à RTP.
Nas mesmas declarações, Cafôfo recordou que o primeiro-ministro, António Costa, se demitiu no âmbito da Operação Influencer, “e o PS achou, por haver um governo de maioria absoluta, que poderia outra pessoa substituir António Costa”.
“Essa solução foi recusada. Na Madeira, a situação é diferente, há um impedimento constitucional, mas há outro fator que agrava estes dois pesos e estas duas medidas, porque temos um Governo Regional formado por uma coligação do PSD e do CDS, que resultado das eleições teve de fazer um acordo de incidência parlamentar com o PAN”, continuou, acusando esta estrutura de governo de ser instável.
“Este governo [do PSD-CDS] está podre, são quase 50 anos e não tem qualquer viabilidade. Não é substituir a cabeça do governo que resolvemos um problema de confiança dos madeirenses neste governo. Todo este processo de investigação, estas buscas, este inquérito, envolve todo o governo, um regime que não tem qualquer condição para poder continuar a ser o governo dos madeirenses e dos porto-santenses”, considerou ainda o líder socialista na Madeira.
Cafôfo admitiu que tem conversado com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, diariamente, mas a “autonomia” é algo que os madeirenses “prezam”. “Percebo a equidistância de Pedro Nuno Santos relativamente a esta matéria”, assegurou, garantindo que o PS não tem “medo” de eleições, caso venham a acontecer no futuro próximo.
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque (PSD), foi constituído arguido no âmbito do caso em que é suspeito de corrupção, tendo a sua residência particular e a Quinta Vigia, sede da presidência do Governo Regional (PSD/CDS-PP), sido alvo de buscas.
O líder do Executivo da Madeira recusou demitir-se e admitiu na quinta-feira pedir o levantamento da imunidade de que goza enquanto conselheiro de Estado.
De acordo com a Polícia Judiciária, nesta operação estão em causa suspeitas dos crimes de corrupção ativa e passiva, participação económica em negócio, prevaricação, recebimento ou oferta indevidos de vantagem, abuso de poderes e tráfico de influência.
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