“Isto é o resultado de oito anos de políticas públicas em que houve um grande desinvestimento na administração pública e em muitas das condições nas quais os prestadores de serviço, nomeadamente no caso da segurança, acabaram por se confrontar”, afirmou Luís Montenegro, na Calheta, ilha de São Jorge, Açores, arquipélago onde até sábado prossegue o programa “Sentir Portugal”.
Luís Montenegro expressou “uma palavra de solidariedade a todos quantos prestam serviço nas forças e serviços de segurança”, frisando que a sua expectativa e empenho é, “num futuro próximo”, tornar “a ter uma valorização das suas carreiras” e dar “condições para um trabalho digno”.
O protesto de polícias da PSP por melhores condições salariais e de trabalho prossegue hoje, após centenas de agentes se terem concentrado na segunda-feira frente ao parlamento e à Câmara do Porto e de comandos terem parado as viaturas.
A contestação dos elementos da PSP teve início após o Governo ter aprovado, em 29 de novembro, o pagamento de um suplemento de missão para as carreiras da Polícia Judiciária (PJ), que, nalguns casos, pode representar um aumento de quase 700 euros por mês.
Os polícias consideram que há um “tratamento desigual e discriminatório”.
O presidente do PSD adiantou que tem visitado esquadras da PSP e quartéis da GNR, assinalando a existência de “grandes lacunas”, como a frota automóvel ou equipamentos necessários para haver “uma autoridade pública que “garanta a segurança de pessoas e bens e a ordem e a tranquilidade pública”.
Segundo Luís Montenegro, “foi uma escolha nos últimos oito anos engavetar grande parte dos investimentos públicos”, o que se nota também “nas forças e serviços de segurança”.
Questionado sobre o suplemento para os elementos da PJ, Luís Montenegro defendeu ser “preciso dar dignidade à função de autoridade que a polícia tem, é preciso garantir condições dignas de trabalho”.
“É preciso que haja, por parte do Estado, do Governo, uma dotação que se possa conciliar com aquilo que é a respeitabilidade que o exercício da autoridade pública encerra”, adiantou, avisando que “isso não se faz nem atacando os polícias, nem estando permanentemente a criar restrições que dão um sinal errado à sociedade e, sobretudo, não incentivam aqueles que são os profissionais que estão disponíveis”.
Neste âmbito, sublinhou ainda haver outro aspeto preocupante nas forças e serviços de segurança, que é “mais dificuldades de recrutamento”, acrescentando que “isto não é por acaso”.
“É porque as condições remuneratórias, as condições de progressão na carreira, as condições para o próprio exercício da função, muitas vezes, não estão garantidas”, observou o líder do PSD.
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