O antigo ministro das Finanças alemão Wolfgang Schaeuble morreu aos 81 anos, informou esta quarta-feira a sua família à agência noticiosa alemã dpa. Além do seu percurso como governante, Schaeuble foi uma figura ligada à austeridade e teceu vários comentários sobre Portugal – e portugueses, em particular sobre Centeno.
Em 2017, recorde-se, o antigo ministro das Finanças alemão disse que o agora governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, era o “Cristiano Ronaldo do Ecofin”. Mais tarde, Centeno veio a assumir as funções de presidente do Eurogrupo.
“Há 12 meses, era tudo tão diferente. Portugal estava à beira das sanções económicas da União Europeia e o sucesso do seu novo Governo de coligação de Esquerda estava longe de ser assegurado. Hoje, já não viola as regras orçamentais da União Europeia e espera entregar antecipadamente 10 mil milhões de euros ao FMI”, disse Schaeuble, em maio de 2017, elogiando o trabalho de Centeno à frente das Finanças.
Uns meses depois, o alemão voltou a tecer elogios ao governo português, na altura já liderado por António Costa, considerando que “Portugal conseguiu progressos impressionantes”.
Anos antes, em 2016, o orçamento português era uma preocupação e Schaeuble ia fazendo avisos: “Estamos atentos aos mercados financeiros e, como acabei de dizer, acho que Portugal deve prestar muita atenção ao que se passa e não continua a perturbar os mercados, dando a impressão de que quer recuar no caminho percorrido até aqui. Isso sim, seria muito perigoso para Portugal”.
Dias depois, voltou a atacar: “Portugal deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para aplacar a incerteza dos mercados”.
No mesmo ano, ainda em 2016, há outro momento marcante em que Schaeuble se dirigiu a Portugal, quando disse que o nosso país iria ter de pedir um novo resgate. Contudo, mais tarde esclareceu que tal cenário só se verificaria se Portugal não cumprisse as regras europeias.
“Os portugueses não o querem e não vão precisar [de um segundo resgate] se cumprirem as regras europeias”, precisou Schaeuble, acrescentando “têm de cumprir as regras europeias ou então vão ter dificuldades“.
Wolfgang Schaeuble, que ajudou a negociar a reunificação alemã em 1990, foi uma figura central no esforço pesado de austeridade para tirar a Europa da sua crise da dívida mais de duas décadas depois.
Wolfgang Schaeuble tornou-se ministro das finanças da chanceler Angela Merkel em outubro de 2009, pouco antes das revelações sobre o crescente défice orçamental da Grécia desencadearem a crise que envolveu o continente europeu e ameaçou desestabilizar a ordem financeira mundial.
Apoiante de longa data de uma maior unidade europeia, ajudou a liderar um esforço de anos que visava uma integração mais profunda e um conjunto de regras mais rigoroso. Contudo, a Alemanha foi alvo de críticas pela sua ênfase na austeridade e pela aparente falta de generosidade.
Depois de oito anos como ministro das Finanças, Schaeuble consolidou o seu estatuto de estadista mais velho ao tornar-se presidente do parlamento alemão – o último passo numa longa carreira política na linha da frente.
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