“Fecho acordo hoje se o Partido Socialista acompanhar as nossas propostas na Assembleia da República. Vamos ver qual é a posição do Partido Socialista sobre isso, hoje, essa é a grande questão, o resto é só para a gente andar aqui a fazer cenários que não têm consequência nenhuma na vida das pessoas”, afirmou Paulo Raimundo aos jornalistas no Carregado.
O PCP apresenta hoje no Parlamento quatro projetos de alteração da legislação laboral, nomeadamente em matéria de contratação coletiva, regulamentação do trabalho por turnos e valorização de quem trabalha por turnos e o fim dos cortes às horas extraordinárias “feitos pelo Governo PSD/CDS-PP que o Governo socialista não quis repor”.
“O que eu ouvi das declarações de Pedro Nuno Santos ainda durante a campanha eleitoral do Partido Socialista foi que devíamos manter estabilidade na legislação laboral, o que significa instabilidade da vida destas pessoas, essa que é a grande questão e, portanto, hoje é uma boa oportunidade para clarificar quais são os caminhos que cada um quer e a resposta condiciona aquilo o que vai ser amanhã”, disse.
Para o líder comunista, “o Partido Socialista é só um e não vale a pena pensar que vem daí alguma solução para as nossas vidas”.
À falta de expectativas de mudança de políticas com o novo líder do PS, Pedro Nuno Santos, Paulo Raimundo pediu o reforço da votação do PCP nas eleições legislativas de 10 de março, alegando que “isso é que vai condicionar” as decisões do país também nos aspetos do trabalho suplementar.
O secretário-geral do PCP falava à margem dos contactos que hoje teve com trabalhadores à porta da empresa Matutano, no concelho de Alenquer, no distrito de Lisboa.
Para o PCP, a Matutano é o caso de uma empresa em que o trabalho por turnos deveria ser valorizado e levado “aos mínimos indispensáveis”. Raimundo alertou que há setores da empresa em que não se justifica a laboração contínua.
Marcos Rebocho, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Alimentar, explicou aos jornalistas que, com a laboração contínua, os 350 trabalhadores não chegam a descansar dois dias por semana.
A desvalorização salarial na empresa fez também com que os trabalhadores tenham vencimentos à beira do salário mínimo, acrescentou.
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