Mais de 40 anos depois, a Aliança Democrática está de volta. Os presidentes do Partido Social Democrata (PSD) e do CDS-PP anunciaram, esta quinta-feira, que vão propor aos órgãos nacionais dos seus partidos uma coligação pré-eleitoral para as próximas legislativas e europeias. A notícia surpreendeu a Direita, com a Iniciativa Liberal (IL) a reiterar que vai sozinha às urnas “por uma questão de responsabilidade” e o Chega a considerar tratar-se de um ato de “desespero” dos sociais-democratas.
Segundo um comunicado, enviado às redações, a coligação vai abranger as eleições legislativas de 10 de março de 2024 e as europeias de junho do mesmo ano. “A Aliança Democrática é composta pelos dois partidos, PPD/PSD e CDS-PP, e um conjunto de personalidades independentes”, lê-se ainda.
O líder da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha, defendeu que o partido vai sozinho a eleições e não coligado porque tem confiança nas ideias que apresenta e por “uma questão de responsabilidade”.
Num discurso durante um jantar comício em Lisboa, Rui Rocha não falou diretamente da coligação pré-eleitoral anunciada pelo PSD e CDS-PP, mas reiterou: “Apresentaremos as nossas ideias, os nossos candidatos, as nossas listas porque há um país que está à espera da Iniciativa Liberal”.
“Mas é antes de mais uma questão de responsabilidade porque não só sou, não somos nós as centenas que aqui estamos hoje, há muitas dezenas, muitas centenas de milhares de portugueses, eu acredito mesmo que há milhões de portugueses que querem esse país liberal em que nós podemos crescer pelo nosso trabalho, em que podemos confiar nas instituições, em que podemos acreditar que há um futuro melhor para os nossos filhos”, defendeu.
Para o Chega, a decisão mostra um “certo desespero do espaço não socialista em tentar arranjar qualquer forma para bloquear o crescimento do Chega”. No entanto, “não é a recuperar partidos que estão mortos ou que não estão no parlamento, ou que não têm força significativa, que isso vai acontecer”, afirmou o líder do partido, André Ventura, aos jornalistas.
André Ventura considerou que, “ao trazer o mesmo nome de uma coligação histórica e, aliás, de memória bastante viva, liderada por Francisco Sá Carneiro, o PSD mostra que, na verdade, preferiu, em vez de olhar para a frente, olhar para trás”.
Sublinhe-se que o PSD e CDS-PP irão pela quarta vez juntos a votos em legislativas, depois das coligações pré-eleitorais firmadas em 1979 e 1980, a ‘Aliança Democrática’, e a de 2015, ‘Portugal à Frente’, mas só as primeiras resultaram em governos que assumiram funções.
A onda da Mudança está em crescendo.
É com sentido de responsabilidade que lidero esta frente eleitoral que representa partidos e sociedade civil. Um projeto para as pessoas. Um projeto agregador, moderado e ambicioso. https://t.co/IgUaPjrJox— Luís Montenegro (@LMontenegroPSD) December 21, 2023
O PSD e CDS-PP formaram Governo mais duas vezes em resultado de coligações pós-eleitorais, em 2002 e 2011, e outras duas sem ir a votos: em 2004, num executivo liderado por Santana Lopes depois da saída de Durão Barroso para a presidência da Comissão Europeia, tal como já acontecido no final de 1980, quando Francisco Pinto Balsemão assumiu o cargo de primeiro-ministro na sequência da morte de Sá Carneiro.
Nas europeias, os dois partidos foram às urnas coligados em eleições que decorreram quando estavam juntos no Governo: em 2004, com a “Força Portugal”, e, em 2014, na “Aliança Portugal”.
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