O presidente da Iniciativa Liberal (IL) voltou a abrir a porta a um entendimento futuro com o Partido Social-Democrata (PSD) após as eleições, afastando a ideia de uma “barafunda” que António Costa procurou colar nas direitas após a queda do governo regional dos Açores.
Numa entrevista à SIC Noticias, transmitida na noite desta quinta-feira, Rui Rocha comentou que António Costa é “a última pessoa que pode falar de barafunda”, dada a demissão do Governo, mesmo apoiado por uma maioria absoluta, e destacou que os planos regionais e nacionais oferecem formas de acordo diferentes.
“Creio que os portugueses percebem bem que há dois planos muito distintos. O plano regional, que tem as suas especificidades, e o plano nacional. O que acho fundamental para os portugueses é saberem que, mesmo com caminhos autónomos e assumidamente diferentes – é por isso que a IL insiste em apresentar-se com as suas ideias e os seus candidatos às eleições -, há um respeito institucional entre as lideranças e direções do PSD e IL. Isso dá garantias aos portugueses em que, chegado o dia, se houver resultados que os justifiquem, as duas partes seguramente estarão disponíveis para fazer um entendimento que transforme o país”, disse Rui Rocha.
Questionado sobre que líder à direita é que tem uma maior afinidade política, se Luís Montenegro, se André Ventura, o deputado e líder liberal foi perentório. “Reconheço que o PSD, não trazendo soluções em que estejamos alinhados, a verdade é que trouxe soluções para a habitação e para a saúde, portanto reconheço o esforço do PSD em trazer soluções. Do lado de André Ventura, só vejo barulho, agitação”, disse.
A IL vai então apresentar-se sozinha às eleições antecipadas de 10 de março e Rui Rocha admite que o objetivo de 15%, que estabeleceu para o partido quando tomou posse em janeiro deste ano, ficou consideravelmente mais difícil devido à dissolução da Assembleia da República. Mas os liberais, garante, vão continuar a crescer.
“Fazia parte, de facto, do planeamento que tínhamos de longo prazo, desta legislatura. Espero e acredito, e os dados que temos indicam isso, que a IL vai crescer. Vai crescer seguramente nas próximas eleições. Para os 15% será difícil, mas somos liberais, somos ambiciosos, portanto queremos seguramente ter um crescimento forte das propostas da IL”, reafirmou, acrescentando que os ‘timings’ eleitorais – antes, julgava que o seu primeiro teste seria a aposta em João Cotrim de Figueiredo para as europeias, e agora vê-se a braços com uma campanha às legislativas – não são os melhores, mas “todos os partidos” tinham um planeamento diferente.
Rui Rocha aproveitou para elogiar o trabalho dos seus antecessores, em particular de João Cotrim de Figueiredo, e destacou o crescimento no número de militantes numa altura em que o partido atravessa uma crise interna, protagonizada pela saída controversa de Carla Castro, que chegou a candidatar-se à liderança e que perdeu apenas por 6 pontos percentuais para Rocha, e de outros 25 membros.
O deputado referiu ainda a ordem das listas da IL para as legislativas, incluindo o seu nome na lista de Braga, distrito pelo qual foi o eleito. Questionado sobre se não será um risco candidatar-se num distrito com representação mais pequena que Lisboa e Porto, Rui Rocha disse que confia em Braga e “nas pessoas que me elegeram num contexto mais difícil do que o que temos hoje”.
“É uma questão que faz sentido: Se foi lá que fui eleito há pouco menos de dois anos, não faria sentido agora outro tipo de solução que seria defensiva, e não encontro outra razão para ser defensivo. Não vale a pena imaginar cenários sombrios nesta altura”, sublinhou.
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