António Costa mal tinha acabado de remover o seu microfone e Luís Montenegro já estava em direto a criticar o primeiro-ministro. O líder do Partido Social-Democrata (PSD) voltou a acusar o Governo de desperdiçar a sua maioria absoluta e, após a farpa atirada por Costa, garantiu ser “mais capaz” como primeiro-ministro do que o secretário-geral do Partido Socialista (PS) e os candidatos à sucessão.
Em declarações aos jornalistas a partir de Beja, poucos minutos depois da grande entrevista de António Costa à CNN Portugal, Luís Montenegro considerou que a presença do primeiro-ministro foi “uma espécie de choro de despedida e a apresentação de uma personalidade absolutamente desfocada daquilo que é a realidade dos portugueses”.
“Nós temos respeito humano pela mágoa de António Costa, por ter chegado ao fim deste período da governação. Mas verdadeiramente magoados estão os portugueses“, disse Montenegro, mencionando a falta de médicos de família, as esperas nas urgências, a falta de docentes nas escolas e as dificuldades no acesso dos jovens a arrendamento acessível como as principais lacunas deixadas pelo Executivo do PS.
Montenegro reagiu ainda a uma consideração de António Costa sobre os dois principais candidatos à liderança do PS, Pedro Nuno Santos e José Luís Carneiro, uma vez que o primeiro-ministro atirou que não tem favoritos mas que “qualquer um deles é melhor que o líder da oposição”.
O líder da oposição acusou Costa de ser “arrogante” e apontou “nervosismo”. “Quero dizer a António Costa, olhos nos olhos: o líder do PSD não é só mais capaz do que os dois candidatos a secretário geral do PS; o líder do PSD é mais capaz do que António Costa para ser primeiro-ministro de Portugal. Para governar e dar futuro aos jovens portugueses, para que não tenham de emigrar em busca de uma oportunidade”, garantiu.
Luís Montenegro descreveu ainda um António Costa “arrogante, muito adocicado, muito treinado para aparecer com uma fala mais mansa, mas arrogante”, sublinhando que a expressão que o chefe do Governo usou para classificar a crise política nos Açores, uma “barafunda”, serve antes para classificar a forma como os socialistas geriram a vitória nas eleições de 2022.
“Barafunda é desperdiçar a maior oportunidade que um politico e um primeiro-ministro pode ter: maioria absoluta no Parlamento, dinheiro que não falta, cooperação que não falta em todos os órgãos de soberania, a sociedade portuguesa estabilizada do ponto de vista socioeconómico, tudo para fazer uma boa governação. O resultado destes oito anos é um fracasso absoluto. O resultado da barafunda deste governo foi que nem com maioria absoluta se aguentou em funções“, vincou.
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