O Bloco de Esquerda questionou o Governo esta terça-feira, criticando a forma cada vez mais recorrente como as direções escolares solicitam a intervenção policial dentro dos seus espaços – na sequência da vaga de protestos estudantis pelo clima.
No mesmo sentido, Rui Tavares, do Livre, garante que, através de uma pergunta ao Governo, vai solicitar “esclarecimentos ao Ministério da Administração Interna sobre o que motivou a detenção e a aparente desproporção dos meios usados”.
“Os recintos das universidades e politécnicos são historicamente considerados lugares de liberdade, onde as forças de segurança só em última instância devem intervir”, defende Joana Mortágua, afirmando a sua preocupação pelo facto de nos últimos anos, diretores de escolas e faculdades terem vindo a “quebrar este legado da luta estudantil pela democracia”.
“A banalização da intervenção das forças policiais em recinto universitário ou politécnico é bastante preocupante. O lastro de ‘criminalização’ dos protestos estudantis é um perigo para a democracia”, afirmou a deputada do Bloco na pergunta entregue ao Ministério da Ciência e Ensino Superior.
“Estudantes a ser detidos pela polícia numa universidade é perturbador e remete para outros tempos”, escreveu por sua vez Rui Tavares na rede social X.
Os partidos insurgem-se após duas estudantes que davam uma palestra integrada na greve climática estudantil na Faculdade de Psicologia e outra que assistia ao evento serem detidas pela Polícia de Segurança Pública.
Já na noite de segunda-feira, a direção da FCSH chamou a PSP para deter seis estudantes que pretendiam pernoitar nas instalações da faculdade no âmbito da mesma greve iniciada nesse dia. Esta quinta-feira, novos desacatos ocorreram na FCSH, sendo que desta feita foi o Chega quem chamou a PSP.
Os protestos da Greve Climática Estudantil fazem parte de uma nova onda de ocupações pelo clima (a última ocorreu na Primavera passada) contra a “inação do governo em relação à crise climática”, reivindicando o fim aos combustíveis fosseis até 2030 e eletricidade renovável e acessível até 2025, segundo comunicado da organização.
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